O USO E DESCARTE DE EPIs PELOS PROFISSIONAIS DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO NORTE NA PANDEMIA DA COVID-19: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PLANETÁRIA
Equipamento de Proteção Pessoal, COVID-19 e Meio ambiente.
A pandemia da COVID-19 se apresenta como uma emergência sanitária que
se espalhou rapidamente por todos os continentes. Com a eclosão dessa doença e o
seu alto poder de contaminação, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs) se tornou fundamental, resultando na crescente de produção, uso e descarte
desses materiais. Os profissionais de saúde que na linha de frente de combate a
pandemia tem o dever de usar e descartar esses materiais da forma correta nos
estabelecimentos em que atuam. As Unidades Básicas de Saúde (UBS), que são a
porta de entrada ao serviço público de saúde, estão tendo um papel fundamental no
enfrentamento à COVID, com alto fluxo de pessoas e procedimentos realizados,
exigindo uma quantidade considerável de EPIs. Esse aumento, não só pelas UBS,
levantou uma preocupação em relação à saúde planetária, uma vez que pesquisas
apontam que o descarte de EPIs de forma incorreta tem impacto negativo a mesma.
Nesse sentido o presente estudo objetiva identificar o nível de conhecimento dos
profissionais das Unidades Básicas de Saúde do Rio Grande do Norte quanto ao
descarte de EPIs na pandemia da COVID-19, correlacionando ao impacto gerado à
Saúde Planetária. Para tanto, foi aplicado um questionário com perguntas abertas e
fechadas sobre o uso e descarte dos resíduos de saúde estudados. A pesquisa teve
participação de 229 pessoas, sendo desenvolvida segundo metodologia de estudo
observacional, transversal, quantitativo e exploratório. Os participantes responderam
um questionário com questões relacionadas ao uso, descarte e percepção ambiental
do impacto dos EPIs. Dentre os resultados principais têm-se que o uso dos
equipamentos mais que dobrou e que esse aumento continuou após a pandemia,
onde a maioria usava, no mínimo, 4 EPIs de forma combinada e sendo a máscara o
item mais utilizado e 74,2% não estavam seguros da forma de usar. Quanto descarte,
apenas 11,4% se sentiam preparados a fazê-los de forma correta, mesmo
considerando que isso poderia ser prejudicial ao meio ambiente. Além disso, a
reutilização foi feita por 60,3% dos profissionais, principalmente de máscaras N95,
onde 75,1% não sabiam distinguir as cores dos coletores, 79% não conheciam a
classificação dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde e 90,4% não conheciam o
plano de gerenciamento dos serviços de saúde. A percepção do risco ambiental
também se mostrou deficiente, sendo que 50,9% não consideram o impacto ambiental
causado pelos EPIs e a maioria não citaram quais seriam os impactos e não deram
sugestões de estratégias para mitigar esse impacto.