Desnaturalização do absurdo em Slaughterhouse-five, de Kurt Vonnegut
Slaughterhouse-Five. Absurdo. Alienação. Capitalismo.
Esta pesquisa pretende analisar como o absurdo (aqui compreendido como contradições sociais intensificadas pela expansão aguda do capitalismo no século XX) é apresentado e desnaturalizado no romance Slaughterhouse-Five, do escritor estadunidense Kurt Vonnegut. Essa expansão, marcada principalmente pelo crescimento científico e tecnológico, resultou em significativos avanços, no entanto, também estabeleceu um profundo estado de alienação nos sujeitos, que passaram por um processo de coisificação. Em Slaughterhouse-Five, atrocidades que resultam em formas banais de tratar a vida e a morte são apresentadas por meio da narração, carregada de ironia e humor, que dão à narrativa um tom de absurdo. Além disso, o tempo e o espaço são inconstantes, já que, ora seguem a linearidade do discurso do narrador, ora seguem a mente fragmentada do protagonista, Billy Pilgrim, que, por sua vez, também carrega características absurdas, já que vive solto no tempo e no espaço, e, portanto, não possui nenhum controle sobre onde ir ou sobre o que fazer. Desse modo, observamos todos esses elementos da narrativa (narração, tempo, espaço e protagonista), considerando como os sintomas das problemáticas ocorridas no século XX se penetram nos componentes mencionados. Para alcançar nosso objetivo, nós embasamos nossa pesquisa por estudos teóricos de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer (1985); Fredric Jameson (1991), (1992), (1996); Linda Hutcheon (1989); Adorno (2003); e Anatol Rosenfeld (1996). Consideramos que a narração, o tempo, o espaço e o protagonista são construídos por meio de uma integração de estilos e técnicas que exprimem a angústia movida pelas contradições humanas e pelas barbáries sociais. Observamos, também, que há ambuiguidade nesses componentes, envolvida entre a desesperança e a subversão.