A AUTORIA EM ENSAIOS ACADÊMICOS SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS
Responsabilidade enunciativa, Ponto de vista, Autor, Ensaio acadêmico.
Esta Tese tem como sistema de interesse a materialização da autoria em ensaios acadêmicos. Ela parte
da hipótese de que o autor se constitui pela (não) assunção da responsabilidade enunciativa (RE), em
conformidade com o quadro teórico da Análise Textual dos Discursos (Adam, 2011), da teoria
enunciativa do PDV (Rabatel, 2016), da abordagem do quadro mediativo de Guentchéva (1994) e da
noção ampliada de autoria de Possenti (2002). Analisa a materialização da autoria pela categoria da
(não) assunção da responsabilidade enunciativa em cinco ensaios acadêmicos, selecionados de um
periódico acadêmico, avaliado pelo Qualis/Capes. O enfoque metodológico adotado é o qualitativo,
mediante uma análise de natureza interpretativa. O método de análise segue o modelo sistêmicocomplexo (Mendes, 2018; Morin, 2015; Vasconcellos, 2018). De maneira geral, o caminho teóricometodológico é traçado pela questão de pesquisa: como se constitui a inscrição de uma voz autoral em
ensaios acadêmicos científicos pelo grau de responsabilidade enunciativa do locutor/enunciador
primeiro e pelo posicionamento enunciativo em relação aos pontos de vista alheios? Especificamente,
considerando as particularidades do ensaio acadêmico científico, o percurso é: i) descrever as marcas
linguísticas que indicam a (não) assunção da responsabilidade enunciativa pelo locutor/enunciador primeiro; ii) analisar as posições assumidas pelo locutor/enunciador primeiro em relação aos pontos
de vista atribuídos a outros enunciadores; iii) interpretar, no jogo enunciativo das situações dialógicas
com o ponto de vista do outro, a constituição da autoria no ensaio acadêmico, com vistas a produzir
conhecimento que auxilie o desenvolvimento autoral de escritores iniciantes. As análises apontam,
entre outros achados, que, na escrita ensaística acadêmica, o autor experiente elabora o seu dizer
utilizando diferentes estratégias de (não) assunção da responsabilidade pelo que enuncia e que essas
são reguladas pelas condições genéricas do ensaio, ainda que, a condição de regulador de posturas do
gênero, não signifique que o funcionamento enunciativo seja previsível.