DESENVOLVIMENTO DA LINGUA(GEM) POR ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UM ESTUDO SOB A PERSPECTIVA SISTÊMICO FUNCIONAL
Linguística Sistêmico-Funcional. Transtorno do Espectro Autista. Desenvolvimento da linguagem. Alfabetização inclusiva. Ensino da língua portuguesa.
Este trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento da língua(gem) de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sob a perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), proposta por Halliday e Matthiessen (2004), buscando compreender como esses sujeitos constroem significados e interagem por meio da linguagem em contextos escolares. O estudo parte da concepção de que a língua é um sistema de recursos semânticos socialmente motivados, cuja função é mediar experiências, relações e textos. A pesquisa, de abordagem qualitativa e interpretativa, fundamenta-se em um recorte empírico composto por produções escritas de seis estudantes com TEA, identificados pelos pseudônimos Verbum, Scriptum, Habla, Textus, Parole e Vox, matriculados em escolas públicas da rede municipal e estadual de ensino de Itajá/RN. As produções foram analisadas à luz do sistema de transitividade da LSF, observando-se os tipos de processos, participantes e circunstâncias que estruturam a representação da experiência nas sentenças. O referencial teórico-metodológico articula os pressupostos da LSF com a perspectiva histórico-cultural de Vigotski e autores contemporâneos da educação inclusiva, compreendendo a linguagem como processo de mediação simbólica e de inserção social. Os resultados indicam que o desenvolvimento da língua(gem) nos estudantes com TEA ocorre de forma gradual, revelando avanços na ampliação das metafunções ideacional, interpessoal e textual, e que o sistema de transitividade permite identificar progressos na construção de sentido e na complexidade dos enunciados. Constatou-se que o trabalho com a LSF possibilita deslocar o foco da correção normativa para a produção de significado, reconhecendo o texto do aluno como evento comunicativo e expressão de subjetividade. A pesquisa comprova que a LSF oferece contribuições relevantes para o ensino da língua(gem) em contextos inclusivos, especialmente na alfabetização de crianças autistas, ao fornecer instrumentos para a análise e a compreensão das práticas discursivas e dos modos singulares de significar. Conclui-se que a perspectiva sistêmico-funcional, ao articular teoria, método e prática, constitui um caminho promissor para a construção de uma pedagogia da linguagem inclusiva, sensível às diferenças e orientada para a formação humana.