Recategorização referencial e orientação argumentativa em colunas esportivas
Referenciação. Processos referenciais. Recategorização referencial. Argumentação. Colunas esportivas.
Conforme o avanço social, o exercício da comunicação é naturalmente modificado. Situados também nessa perspectiva estão os gêneros textuais, entidades que seguem os rigores propostos pelas situações comunicativas para sua constituição. Sendo assim, nossas práticas sociais encontram-se em constante evolução, ao passo que (re)constroem nossa realidade. Isto posto, este trabalho objetiva investigar a atuação dos processos de referenciação na construção de sentidos e no desenvolvimento da orientação argumentativa no gênero coluna esportiva. Em um tratamento mais específico, buscamos: identificar os processos de referenciação empregados no gênero coluna esportiva; compreender o modo como os processos referenciais instaurados nesses textos atuam como estratégia para seu direcionamento argumentativo; e, analisar a relação estabelecida entre o emprego dos processos referenciais, em específico, o processo de recategorização, para a construção de sentidos e a orientação argumentativa nesses textos. Dessa forma, filiamo-nos aos pressupostos teóricos da Linguística Textual, remetendo à interface cultivada entre ela e a Teoria da Argumentação no Discurso (Amossy, 2020), que busca focalizar o desígnio de que a argumentação fomenta a elaboração dos discursos, ao passo que, respectivamente, organizam-se dois modos de manifestação da argumentatividade nos discursos: a visada argumentativa e a dimensão argumentativa. Para conferirmos aprofundamento nesse diálogo, seguimos os postulados de Amossy (2011), Cavalcante (2016) e Cavalcante et al. (2020). Quanto à referenciação, processo de construção dos objetos de discurso no texto, e ainda, no que se refere à recategorização referencial, direcionamo-nos com base em Cavalcante (2012, 2015), Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014), Cavalcante e Martins (2020), Koch (2005; 2023), Mondada e Dubois (2003), Lima e Feltes (2013), Lima (2017). Em se tratando do percurso metodológico, filiamo-nos aos postulados de Marconi e Lakatos (2003), Gil (2008), Bortoni-Ricardo (2008), Minayo (2007) e Paiva (2019), e para discutirmos sobre gêneros textuais, com direcionamento para o gênero coluna esportiva, seguimos os fundamentos de Marcuschi (2008) e Wollenhaupt (2004). Nesse ensejo, cabe-nos destacar a presente pesquisa como sendo de abordagem qualitativa, ao passo que visamos identificar e compreender como atuam os processos referenciais em detrimento da construção da orientação argumentativa nos textos analisados, e ainda, por valer-se do método dedutivo, uma vez que nos situamos em uma perspectiva mais geral (quadro teórico da Linguística Textual) até chegarmos a um ponto específico (corpus constituído por textos opinativos). Trata-se ainda de uma pesquisa descritiva e interpretativista, de caráter bibliográfico e documental. Os resultados do presente trabalho abordam que os processos referenciais guiam o ponto de vista dos colunistas, sendo dirigidos à exposição de sua intencionalidade aos interlocutores no que diz respeito à opinião desenvolvida na coluna, direcionando-os, ainda, em seu projeto argumentativo. Para tanto, as entidades postas no fio textual-discursivo, ativadas e retomadas pelos processos de introdução referencial, anáforas indiretas e expressões nominais indefinidas, são elementos transmissores da subjetividade dos locutores e responsáveis pela orientação argumentativa dos textos. Vale ressaltar que as recorrências de recategorização, que podem ocorrer de forma mais evidente ou menos assinalada no texto, também gerenciam o projeto argumentativo dos colunistas, sendo que cada item lexicalizado ou conduzido por aspectos cognitivos revela os posicionamentos defendidos pelos colunistas. Dessa forma, acreditamos que o diálogo estabelecido entre LT e TAD se mostra profícuo para a análise do fenômeno da referenciação em gêneros de natureza opinativa.