PADRÕES DE MASCULINIDADE E VIOLÊNCIA CONTRA GAYS E TRAVESTIS NA CIDADE DE CATOLÉ DO ROCHA-PB
Masculinidade; Homofobia; Heteroterrorismo; Território sociocultural
O século XXI é palco de guerras, pandemia, destruição do meio ambiente, crises econômicas e sociais, em meio a isso, o homem desponta como protagonista na apropriação de bens e corpos, na maioria das vezes através da violência, índices alarmantes de assassinatos, agressões físicas e desrespeito entre os próprios homens, contra mulheres e grupos LGBTQIAP+, fatos como estes, indicam a urgência de repensar os papéis atribuídos historicamente ao homem dentro da sociedade. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar os padrões de masculinidade e violência contra gays e travestis na cidade de Catolé do Rocha, localizada no sertão da Paraíba. Para tanto, é imprescindível apresentar o contexto histórico e social que cooperam para a imposição do modelo de masculinidade pré-estabelecido e confrontá-lo com as transformações sociais atuais. Há crescente teorização para o fato que a maior parte de nossas representações sociais de masculinidade heterossexual hegemônica são tóxicas e perigosas (ANTRA, 2020), nesse ínterim, é importante apresentar o conceito de heteroterrorismo e ressaltar os indicadores de violência contra pessoas LGBTQIAP+ no Brasil enfocando as particularidades do território estudado. De acordo com dados do Ministério da Saúde, da Secretaria de Desenvolvimento Humano (Brasil, 2019) e da ONG Grupo Gay da Bahia (2021), o Nordeste é a região mais homofóbica do Brasil, liderando o número de agressões contra protagonistas que divergem do padrão representado ideologicamente como macho nordestino (Albuquerque Júnior, 2013), especificamente gays e travestis. Para isso, esta pesquisa social (Minayo, 1993), de cunho descritivo qualitativo, coletará dados com os profissionais que integram a equipe multidisciplinar do Centro de Referência Especializado em Assistência Social- CREAS, pois estes, são o grupo que acolhe gays e travestis vítimas de violência. Serão selecionados os profissionais que estiverem atuantes em suas funções no período da pesquisa. A coleta de dados se fará presencialmente através de técnica de grupo focal onde os cinco participantes dialogarão sobre temas previamente elaborados na perspectiva de identificar atitudes machistas que culminam aos tipos de violências físicas, verbais, e psicológicas investigadas. Pretende-se produzir um quadro de referência que indique a relação entre padrões de masculinidade e os tipos de violência contra gays e travestis como forma de naturalização de masculinidade utilizando a Análise de Conteúdo de Bardin (2009) visando a construção de categorias importante na organização das informações indispensáveis ao estudo. Dessa forma, contribuir para interiorização das discussões na região do semiárido, fomentar novos estudos e questionamentos sobre a temática abordada, colaborar para construção de dados junto à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano da Paraíba no intuito de preencher as lacunas causadas pela subnotificação, trazendo visibilidade aos casos de violências, incentivando a reflexão de toda a sociedade na busca de resolutividade e o aumento da proteção as pessoas gays e travestis.