DO MAR BROTA UMA FLOR NA SALA DE AULA: USO DIDÁTICO DA REVISTA BRASIL SALINEIRO NO ENSINO DE HISTÓRIA (1953-1963)
Ensino de História, História Local, Revista Brasil Salineiro, Mossoró.
Nesta pesquisa, abordamos a revista Brasil Salineiro como fonte histórica para uso em sala de aula a partir da produção e da compreensão da História Local, entendida como uma dimensão do campo da História e “[...] um grande ponto de partida para atividades que desenvolvam inúmeras outras competências para a construção do conhecimento histórico” (Costa, 2019, p. 132). A pesquisa envolve a publicação no período entre 1953 e 1963,
contexto histórico denotado pela política do Nacional-desenvolvimentismo. O estudo do tema se apresenta relevante para a compreensão da história de Mossoró, dado o papel expoente dos parques salineiros na configuração econômica, política e social do município, fornecendo uma nova maneira de encarar os periódicos e revistas enquanto fontes para uso didático na sala de aula, contribuindo, assim, para o Ensino de História. Desse modo, utilizaremos a história local e a metodologia da aula de campo. Para tanto, fundamentamo-nos em Bittencourt (2008), Bourdieu (2007), Costa (2019), Luca (2011) e Trojan e Sipraki (2015). A pesquisa está
distribuída em três seções. Na primeira, investigamos e analisamos a produção de periódicos e o emprego de revistas como fonte histórica e sua aplicabilidade enquanto instrumento didático na sala de aula. Na segunda, focamos nas especificidades da fonte, apresentando suas características editoriais e tipográficas, com foco no projeto político-econômico desta, investigando sua relação com as propostas políticas locais e sua vinculação com os contextos político e econômico da época. Realizamos ainda uma descrição das atividades de leitura e trabalho com o periódico em sala. Mediante a história cultural do social, é tecida uma análise qualitativa dos textos que refletem a articulação entre a produção, a circulação dos saberes sobre o sal na revista aludida e a
História Local. Na última seção, analisamos as percepções dos estudantes a partir de uma aula de campo na Salineira São Camilo, demonstrando o impacto do desenvolvimento dessas estratégias na perspectiva dos estudantes via questionário “Perspectivas do Aluno sobre História Local a partir da atividade de campo: viagem aos morros de Ouro Branco”, elaborado na escala Likert. A partir dos dados, percebemos que o periódico pode ser usado como fonte histórica de potencial didático valioso para a dinamicidade das aulas. Através do questionário, concebemos sensíveis mudanças relacionadas à motivação para o estudo da disciplina História. A análise das respostas demonstrou que a História Local favorece o interesse dos estudantes por meio de fontes em sala de aula, cujos posicionamentos facilitaram o processo de ensino e aprendizagem, especialmente quanto à metodologia das aulas de campo como fim para a construção do conhecimento histórico. A manifestação da criticidade e o aprimoramento da competência leitora revelaram a dinamicidade presente nessas estratégias didáticas (uso de fontes e aulas de campo) e oportunizaram a autoavaliação e o autoconhecimento dos estudantes como sujeitos históricos.