As histérias que não te contam: cultura hip hop, ensino de histéria ¢ as escrevivéncias da escola Integrada 2 de Maio (2010-2025)
Escrevivências, Hip Hop, africanidade, Poesias, História Local
As historias que não te contam: escrevivéncias da escola Integrada 2 de Maio são um estudo de caso, de base etnografica, que parte de minha vivéncia como professor da disciplina de historia em uma escola ligada a rede estadual de ensino de Fortaleza-CE entre os anos de 2010 e 2025. A partir da reflexdo sobre o papel do racismo e do colonialismo no cotidiano da comunidade escolar, assim como a partir da andlise sobre a resisténcia a essas chagas, a pesquisa perseguiu a seguinte questão: quando os sujeitos sociais silenciados são estimulados a se expressarem, o que eles nos contam? Quando a comunidade escolar conta a sua própria história - suas escrevivências - quando a história local é escovada à contrapelo, o que submerge das profundezas? Que narrativas encontraremos? Dessa forma, a pesquisa se debruça sobre dezenas de relatos da comunidade escolar, produzidos no formato de crônicas ou poemas por alunos, ex-alunos e pelo autor da pesquisa. Trata-se de um estudo produzido a partir da observação chamada de participante, onde há um intenso grau de interação entre o pesquisador e seu objeto. A pesquisa se situa nos marcos da celebração dos vinte anos de luta pela aplicação da Lei n.º 10.639/03, responsável por incluir no currículo oficial das redes de ensino de todo o país, inclusive do Ensino Superior, a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Assim como nos marcos das celebrações dos cinquenta anos de resistência da cultura Hip Hop. A partir das produções artísticas, debrucei-me sobre as várias faces da violência urbana que ronda a escola, sobre as permanências de uma violência colonial cotidiana. As histórias que não te contam, ao serem contadas, nos mostraram a relação da comunidade escolar com a morte, com uma saúde mental comprometida, com as opressões e apontaram para a possibilidade de resistências articuladas pela socialização de experiências, pela ressignificação do local e pelo compartilhamento da autoridade. Os silenciados puderam confrontar uma história oficial produzida e legitimada por uma elite branca a partir da sua própria versão do cotidiano, a partir de suas próprias escrevivências, a partir da compreensão de si como sujeito histórico. Ao final da pesquisa, entregaremos à biblioteca da escola um Diário Digital de histórias, memórias e afetos com o conjunto de manifestações artísticas produzidas pela comunidade escolar durante o recorte estudado e organizaremos um evento de lançamento do material.