SOLIDÃO E SUBJETIVIDADE FEMININA: A CONDIÇÃO E A FRAGMENTAÇÃO DO SUJEITO NAS PERSONAGENS DE CLARICE LISPECTOR
Clarice Lispector. Subjetividade feminina. Fragmentação do sujeito. Crítica feminista. Interseccionalidade.
Esta pesquisa analisa como a solidão e a subjetividade feminina são representadas nas
narrativas curtas de Clarice Lispector, com ênfase na condição e fragmentação do sujeito
feminino. A autora, um dos principais nomes da literatura brasileira moderna, articula em sua
ficção experiências femininas marcadas por inquietações existenciais, silenciosa resistência e
rupturas subjetivas. Desse modo, a investigação ancora-se na Crítica Feminista,
particularmente na Ginocrítica de Elaine Showalter (1994), no conceito de Escrevivência de
Conceição Evaristo (2005, 2020), e na teoria da Interseccionalidade de Kimberlé Crenshaw
(1989, 2002), que permitem compreender as múltiplas opressões que atravessam os corpos e
subjetividades das mulheres nas obras. Por conseguinte, para o aprofundamento da discussão
sobre a fragmentação do sujeito, o estudo dialoga ainda com Julia Kristeva (1982, 1988) a
partir do conceito de sujeito em processo, em constante devir e instabilidade, além de autoras
como Rosi Braidotti (2004, 2020) e Elisabeth Grosz (1994), cujas reflexões sobre a
constituição múltipla e nômade do sujeito feminino revelam-se essenciais para compreender
os deslizamentos identitários das personagens clariceanas. A abordagem metodológica é
qualitativa, de natureza analítico-descritiva, centrada na análise textual e teórica de contos:
“Amor”, “A Fuga”, “A Partida do Trem” e “A Bela e a Fera ou A Ferida Grande Demais”.
Nesse aspecto, os resultados apontam que, por meio de uma escrita introspectiva,
fragmentária e insurgente, Clarice Lispector tensiona os limites da identidade e expõe fissuras
na constituição do sujeito feminino, tornando sua literatura um espaço de enfrentamento às
estruturas patriarcais e à lógica do silenciamento das mulheres.