MEMÓRIA, MÍDIA, PODER E RESISTÊNCIA EM DISCURSOS DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Discurso; mulher; mídia; poder; resistência.
O presente trabalho tem como principal objetivo analisar os discursos produzidos por
mulheres vítimas de violência de gênero, divulgados nos meios de comunicação
virtual, no triênio 2020 - 2021 - 2022, e a produção de resistência dessas mulheres.
Os objetivos específicos aqui empreendidos são: sistematizar as contribuições que a
Lei Maria da Penha e outros dispositivos legais trouxeram com o intuito de coibir a
violência de gênero; descrever como se produziram as formas de resistência de
mulheres vítimas de violência de gênero; destacar nos discursos das mulheres
efeitos de memória, seus deslocamentos ou repetições. A investigação se insere no
campo dos Estudos Discursivos Foucaultianos, tomando a arqueogenealogia como
método, que se situa numa perspectiva que pensa o sujeito não como um dado a
priori, mas que é fundado historicamente, num movimento estratégico de ação e
reação que se dá na luta entre os jogos de verdade. Sob a ótica de Foucault
abordou-se a respeito de discurso, sujeito, relações de saber/poder e resistência.
Nessa mesma linha de pensamento, é possível destacar as contribuições de
Gregolin (2004; 2006), Maia (1995), Rouanet (1996); quanto à constituição da
historicidade do masculino e feminino adotaram-se as contribuições de Colling
(2004; 2020), Perrot (2003; 2015), Pinsky (2015), Blay (2009), Scott (2016), entre
outros; a respeito de comunicação virtual, recorreu-se a Gregolin; a discussão sobre
violência doméstica contra a mulher deu-se a partir de pesquisas como as de Amaral
e Pereira (2018), Funk (2009), Lage e Nader (1016), Dias (2009; 2018), Espínola
(2018), Sartre (2018); o estudo sobre gênero, patriarcado e violência foi construído
sob a ótica de Saffioti (1997; 2015). O corpus desta pesquisa foi constituído por
discursos de três gerações de mulheres vítimas de violência doméstica - Marlene
(avó), Cristiane (filha) e Jaqueline (neta), concedidos à Agência Pública. A análise
revelou que as ações de luta contra o assujeitamento não só depende da legislação,
mas implica nas ações da vítima, que deve resistir, denunciar e criar as condições
para se proteger e evitar novos abusos; também fica evidente que a luta dessas
mulheres contra as forma de assujeitamento a que estavam submetidas foi
incessante e, apesar das sequelas que limitam seus corpos, sobreviveram,
enfrentaram o medo, libertaram-se da submissão e estão contando suas histórias,
em um processo contínuo de constituição de um novo sujeito, que é capaz de
recomeçar, apesar de.