Batis maritima Linnaeus: avaliação de atividades biológicas na perspectiva de um produto para cicatrização de feridas.
Não apresentou.
As plantas medicinais são usadas desde antigas civilizações de forma empírica para aliviar e curar doenças. Metabólitos secundários dessas plantas, como fenólicos e flavonoides apresentam propriedades importantes como: anti-inflamatória, antimicrobiana, antioxidante e cicatrizante. A cicatrização de feridas é um processo que visa restaurar a integridade da pele, através de eventos complexos como hemostasia, inflamação, proliferação, migração celular, angiogênese, síntese de matriz extracelular, deposição de fibras de colágeno e remodelamento. A resistência microbiana configura-se como um desafio à saúde pública e a utilização de produtos vegetais apresenta-se como alternativa no tratamento de infecções microbianas resistentes, desde que tais vegetais sejam previamente avaliados quanto à toxicidade, tornando seu uso seguro. Dentre os vegetais com potencial farmacológico está a Batis maritima Linnaeus, uma halófita adaptada a ambientes salinos, tornando-a potencial produtora de metabólitos secundários. Neste trabalho, avaliamos a composição e as atividades antioxidante, antimicrobiana e citotóxica de extratos aquosos e etanólicos obtidos de folhas, caule e raízes de B. maritima, bem como a atividade cicatrizante de um creme contendo os extratos que mais se destacaram nessas análises. Todos os extratos foram submetidos aos ensaios de triagem fitoquímica, atividade antibacteriana, redução de 1,1-difenil-2-picrilhidrazina (DPPH) e atividade hemolítica. Os extratos que se destacaram, foram analisados por cormatografia, presença de metais pesados, quelação de ferro e cobre, sequestro de radicais peróxido e superóxido, poder redutor, capacidade antioxidante total, viabilidade celular frente a fibroblastos L929 e atividade cicatrizante. Na triagem qualitativa, todos os extratos apresentaram flavonoides, com destaque para o extrato etanólico das folhas (EEF), que também apresentou taninos, saponinas e cumarinas. Na avaliação quantitativa, esse mesmo extrato se sobressaiu quanto a presença de fenóis (40,54 ± 0,36 µg EAG/mL) e flavonoides (267,03 ± 0,67 µg EQ/mL). Na avaliação antioxidante EEF apresentou maior atividade sequestradora em todas as concentrações testadas, com menor valor de IC50 (-21,06 µg/mL). Todos os extratos inibiram as bactérias Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Escherichia coli. Entretanto, apenas EEF inibiu Pseudomonas aeruginosa (CIM 1000 µg/mL) e apresentou atividade bactericida contra S. aureus (CIM 1000 µg/mL e CBM 500 µg/mL), além de apresentar menor toxicidade frente aos eritrócitos (HC50 = 993,41 μg/mL). Na viabilidade celular, EEF e extrato aquoso das folhas (EAF) não se apresentaram tóxicos frente a fibroblastos nas concentrações de 10 e 5 µg/mL. O EEF também apresentou maior sequestro de superóxido e poder redutor na maior concentração (25 µg/mL). Ao ser incorporado ao creme, EEF apresentou cicatrização mais eficaz comparada ao EAF e aos controles, a 5% e 10%. A análise de metais mostrou que o EEF é o único extrato seguro para ser usado na composição do creme, devido à ausência de metais tóxicos. As análises cromatográficas mostraram, como composto majoritário do EEF um flavonoide (TR 30,447 min), evidenciando ser o possível responsável pelas atividades biológicas aqui apresentadas. No geral, a avaliação do potencial biológico dos extratos de Batis maritima mostrou dados promissores, na busca de compostos cicatrizantes naturais, onde EEF destaca-se para subsidiar futuras investigações científicas.