AS VALORAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 EM NARRATIVAS DE SUJEITOS SURDOS: UMA ANÁLISE EM PERSPECTIVA DIALÓGICA
Aprendizagem. Ensino. Surdos. Língua portuguesa como L2. Análise dialógica.
A presente pesquisa tem como objetivo investigar os sentidos que os sujeitos surdos expressam sobre o processo de aprendizagem da língua portuguesa como L2 e suas experiências de inclusão ou não, por meio dessa língua, nos espaços escolares e não-escolares. Sob tal prospectiva, nos propomos a responder alguns questionamentos como: a) Que sentidos são expressos pelos sujeitos surdos sobre o processo de aprendizagem da língua portuguesa como L2, nos contextos escolares e não-escolares?; b) Que barreiras são refratadas, por esses sujeitos surdos, acerca do processo de aprendizagem da língua portuguesa como L2?; e III) Quais sentidos os sujeitos surdos expressam sobre suas experiências de inclusão ou não, por meio da língua portuguesa, nos espaços escolares e não-escolares. Para isso, filiamos nossa pesquisa à Análise Dialógica do Discurso e buscamos ancoragem em reflexões de Bakhtin (2011; 2016) e Volóchinov (2017; 2019), para pensarmos a linguagem e a constituição do sujeito. Em relação à discussão sobre a língua portuguesa como L2 para o aluno surdo, dialogamos com os estudos de Pereira (2024), Fernandes (2024), Quadros (2019); Lodi (2018); Moura (2015); dentre outros. Nossa investigação se inscreve nas pesquisas de natureza interpretativa, com abordagem qualitativa. Como instrumento de geração de dados, utilizamos uma entrevista narrativa, que foi realizada com três sujeitos surdos, de maneira individual, para que esses sujeitos pudessem relatar, com as próprias vozes, suas vivências e experiências no processo de aprendizagem da LP como segunda língua. Os resultados apontaram múltiplas valorações, por parte dos sujeitos pesquisados, acerca do processo de aprendizagem da língua portuguesa como L2 para surdos. Além disso, as análises realizadas nos permitiram concluir que os sujeitos compreendem e valoram os seus respectivos processos de aprendizagem da LP como L2 como sendo um processo difícil, longo, contínuo, mas também, necessário e importante, para as relações interpessoais e para a convivência numa sociedade, majoritariamente, ouvinte. Os resultados apontaram ainda que os sujeitos surdos consideram as barreiras linguísticas e culturais como as maiores dificuldades enfrentadas por eles, durante os seus processos de aprendizagem da LP como L2, tanto nos ambientes escolares quanto nos ambientes não-escolares. Em relação às experiências de inclusão ou não, por meio da LP, como L2, constatamos que as valorações que os sujeitos expressam sobre suas experiências de inclusão e de não-inclusão, tanto nos ambientes escolares quanto nos ambientes não-escolares, perpassam pelo fator linguístico, envolvendo a Libras como L1 e a LP como L2, pelas práticas pedagógicas adotadas pelos professores ouvintes, em sala de aula, e pelas atitudes inclusivas das pessoas ouvintes na interação com as pessoas surdas. Nossos resultados apontam que os sentidos expressos pelos sujeitos surdos denotam as dificuldades enfrentadas no processo de aprendizagem da língua portuguesa como L2 nos espaços escolares e no contexto fora da escola.