A DOCENCIA EM TURMAS MISTAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO CAMPO EM CONTEXTO DE ASSENTAMENTO RURAL
educação infantil do campo. docência em turmas mistas. educação rural. práticas pedagógicas. infâncias camponesas. representações.
Esta dissertação analisa os desafios e as possibilidades da docência em turmas mistas da educação infantil no campo, considerando as especificidades do trabalho pedagógico em contextos rurais marcados por desigualdades históricas, negligência estatal e invisibilidade das infâncias camponesas. A pesquisa foi realizada em uma escola pública situada em um assentamento da reforma agrária no município de Apodi/RN, vinculada à rede municipal de ensino. O estudo teve como objetivos, identificar os principais desafios enfrentados pelas professoras; analisar as estratégias pedagógicas utilizadas para lidar com a diversidade etária e cognitiva das crianças, bem como compreender como o contexto rural influencia as práticas educativas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza interpretativa, cuja metodologia envolveu observação não participante, o formulário investigativo e a utilização do questionário semiestruturado aplicado a uma professora com experiência em turma mista. O referencial teórico ancora-se em autores como Arroyo (2012, 2011, 2007, 2004), Caldart (2011, 2004, 2002, 2000, 1997), Gritti (2003), Benigno, Vasconcelos e Franco (2023) entre outros, que discutem a educação do campo, as políticas públicas para a infância e as práticas pedagógicas em contextos de diversidade. A análise dos dados revelou que a docência em turmas mistas exige habilidades específicas, sensibilidade às múltiplas infâncias presentes no cotidiano escolar e estratégias pedagógicas que extrapolem os modelos tradicionais e fragmentados. Os resultados também evidenciam a ausência de políticas formativas voltadas à realidade das escolas do campo, a precarização das condições de trabalho docente e a desconexão entre as práticas escolares e o modo de vida camponês. Conclui-se que, apesar das adversidades, há experiências potentes de resistência e construção de práticas educativas comprometidas com os direitos das crianças do campo, destacando a urgência de políticas públicas que reconheçam a diversidade dos territórios e valorizem o protagonismo docente no enfrentamento das desigualdades.