A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM AUTISMO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ARACATI/CEARÁ
Educação inclusiva; Formação docente; Avaliação; Acessibilidade curricular; Apoio educacional especializado.
A mediação pedagógica é compreendida como um processo intencional, sistemático e
responsivo, capaz de favorecer o desenvolvimento das funções cognitivas superiores, a
participação social e a construção do conhecimento por parte dos alunos com autismo. Esta
pesquisa teve como objetivo analisar as práticas de mediação pedagógica no processo de
aprendizagem de alunos com autismo, buscando compreender sua contribuição na construção
de práticas educacionais potencialmente mais acessíveis e inclusivas no contexto educacional
de Aracati-CE, Brasil. A abordagem metodológica adotada foi qualitativa, com foco na
compreensão profunda das práticas e sentidos atribuídos pelos sujeitos à inclusão escolar.
Foram utilizados diferentes procedimentos e técnicas de construção e análise de dados, tais
como entrevistas semiestruturadas com professor da sala comum, professor do Atendimento
Educacional Especializado (AEE), profissionais do Núcleo de Atendimento Especializado e
Inclusão (NAEI) e técnico da Secretaria Municipal de Educação (SME). A triangulação
metodológica foi complementada por observações em campo, estudo documental e a realização
de encontros formativos, permitindo ampliar a confiabilidade e a densidade interpretativa dos
dados. Está fundamentada nos pressupostos teóricos da perspectiva sociocultural de Vygotsky
(1991) e no modelo de intervenção mediada de Feuerstein (1990), a investigação problematiza
o papel do professor como agente mediador e as estratégias pedagógicas adotadas para
promover uma aprendizagem significativa e inclusiva. Os resultados revelam que o município
de Aracati-CE tem avançado na consolidação de políticas públicas voltadas à inclusão escolar,
destacando-se a ampliação do AEE, a atuação interdisciplinar do NAEI e a oferta de formações
continuadas que buscam qualificar os profissionais da rede. Verificou-se a presença de práticas
pedagógicas relevantes, como o uso de ambientes estruturados, recursos visuais, segmentação
de tarefas, comunicação alternativa e elaboração de planos de ensino individualizados. No
entanto, esses avanços coexistem com desafios persistentes, entre os quais se destacam: a
formação docente ainda centrada em abordagens teóricas; a limitação do tempo disponível para
o planejamento coletivo; e os obstáculos à acessibilidade curricular; e a ausência de estratégias
consistentes para lidar com comportamentos disruptivos no contexto escolar. A pesquisa
evidencia o papel decisivo da mediação pedagógica como elemento estruturante do processo de
aprendizagem e inclusão dos alunos com autismo, especialmente quando articulada à atuação
colaborativa entre professores da sala comum, docentes do AEE, equipe do NAEI e famílias.
Os dados indicam que a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva requer mais do
que recursos materiais ou formações pontuais: exige uma cultura pedagógica que valorize a
diversidade, acolha as singularidades dos alunos e promova interações educativas que
expandam sua Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Conclui-se que o sucesso da
inclusão escolar de alunos com autismo está diretamente relacionado à intencionalidade
pedagógica, à formação continuada crítica e contextualizada, ao apoio institucional consistente
e à construção de redes colaborativas que favoreçam práticas educativas transformadoras.