Juventude Rural, Racismo Ambiental e Educação Transformadora: O
Protagonismo Discente em Projetos Escolares de Enfrentamento às Injustiças Socioambientais
Juventude rural; Racismo ambiental; Educação transformadora
Esta intervenção pedagógica apresenta uma proposta desenvolvida na Escola de Ensino Médio em
Tempo Integral Jaime Tomaz de Aquino, situada na zona rural de Beberibe–CE. A iniciativa parte de uma
abordagem crítica, com o objetivo de despertar a consciência socioambiental e fortalecer o
protagonismo discente na transformação da realidade local. Inseridos em um contexto de
vulnerabilidade, os estudantes — majoritariamente jovens pretos e pardos — enfrentam os efeitos da
degradação ambiental, da precariedade da infraestrutura e da exclusão social, que comprometem suas
perspectivas de futuro e incentivam o êxodo rural. A partir dessa constatação, o projeto se ancora na
compreensão interseccional das desigualdades de classe, raça e gênero, evidenciando como o Racismo
Ambiental afeta de forma mais intensa os corpos femininos pobres, pretos e pardos, especialmente nas
práticas cotidianas de queima de lixo nos quintais, por falta/insuficiência de coleta pública. Neste
cenário, propõe-se a utilização dos projetos escolares como ferramenta metodológica e política,
permitindo aos alunos mapear e reconhecer criticamente o território em que vivem, ampliando o senso
de pertencimento e responsabilidade coletiva. Ao promover ações pedagógicas enraizadas na realidade
comunitária, essa intervenção valoriza os saberes locais e transforma o ambiente escolar em um espaço
de escuta de conhecimentos invisibilizados, resistência contra as injustiças socioambientais,
engajamento político e social em ações coletivas e o reconhecimento de si mesmo e do seu território.
Mais do que interpretar o mundo, o objetivo é mobilizar os estudantes para transformá-lo,
reconhecendo-os como agentes fundamentais na luta por justiça socioambiental e valorização da
dignidade de vida de que reside no rural.