ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA INCIDÊNCIA DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN ENTRE OS ANOS DE 2010 a 2020.
Arbovirose; Aedes aegypti; Estudo ecológico; Estatística espacial; Índice Global de Moran.
A dengue é considerada um dos problemas da saúde pública mais importantes na contemporaneidade. Para melhor compreender a dinâmica da doença e obter informações mais detalhadas, estudos de menores escalas têm sido cada vez mais discutidos em análises epidemiológicas. Com isso, o presente estudo teve como objetivo evidenciar um melhor delineamento do panorama da dengue no município de Mossoró do estado do Rio Grande do Norte entre os anos de 2010 a 2020, para identificação de regiões prioritárias e vulneráveis na área estudada. Realizou-se um estudo ecológico descritivo de casos notificados de dengue de 27 bairros e uma zona urbana dos residentes do município em questão, obtidos através de dados provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Para sumarização e análise comportamental dos dados, foram investigadas as taxas de incidência da doença sob uma perspectiva descritiva dos parâmetros de tendência central e de dispersão. Para verificação da dependência geográfica e evidenciar a dinâmica da dengue, realizou-se uma análise das taxas bruta, empírica bayesiana global e local através de técnicas de autocorrelação espacial como os índices univariados de Moran Global e Local. Durante o período de estudo um aumento significativo nas taxas de incidência, com pico da doença no ano de 2018. Observou-se ainda que uma totalidade de 65,58% dos casos notificados nas áreas do município obteve registro de altas incidências no intervalo de 11 anos, caracterizando uma transmissão epidêmica no município. Além disso, ao analisar o padrão das unidades geográficas, verificou-se que a distribuição espacial em número absoluto de casos e em taxa de incidência deu-se de modo expressivo no bairro Santo Antônio. Embora não se tenha obtido uma média/forte dependência espacial nas taxas de dengue observadas, identificou-se uma formação de aglomerados com valores similares nas áreas periféricas da zona urbana, cujo desenvolvimento urbano deu-se de forma acelerada, presumindo-se que a aglomeração populacional se configura como um dos fatores indicadores de surto de dengue em Mossoró. Os resultados representam informações úteis para a efetivação de ações mais robustas e melhor direcionadas frente a prevenção e controle da dengue, especialmente nas regiões semiáridas em que as condicionantes ambientais favorecem a reprodução vetorial e contribuem para os quadros epidêmicos.