Autores que abordam a argumentação na Nova Retórica consideram que todo discurso apresenta uma natureza argumentativa, ou seja, argumentos em sua construção, direcionados a um auditório visado com vistas a persuadi-lo e a convencê-lo. Nesse sentido, nosso objetivo principal nesta pesquisa é investigar os processos argumentativos, teses, técnicas argumentativas, valores e suas hierarquias na escrita e reescrita do gênero artigo de opinião produzido por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Para isso, procuramos identificar as teses defendidas pelos alunos/oradores, analisar os principais argumentos que sustentam seus discursos, descrever os valores e suas hierarquias apresentados nesses textos, e, por último, verificar a contribuição da sequência didática para a aprendizagem visando a proficiência dos alunos ao fazerem uso de estratégias argumentativas na escrita e reescrita dos artigos de opinião analisados. Metodologicamente, este trabalho se configura como uma pesquisa-ação com abordagem qualitativa, além de ser descritiva-interpretativa (Oliveira, 2007). Nossa base teórica é a Teoria da Argumentação no Discurso (TAD), de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), apoiados pelos estudos de Abreu (2006), Souza (2008), entre outros. Em relação às discussões sobre escrita, gêneros textuais e ensino de argumentação, apoiamo-nos em Leite e Pereira (2012), Marcuschi (2008) e Nascimento (2015); já sobre o gênero artigo de opinião buscamos respaldo em Rangel, Gagliardi e Amaral (2010), Passarelli (2012), Köche, Boff e Marinello (2014). Por ser uma pesquisa-ação, desenvolvemos uma intervenção em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola localizada em Triunfo/PB. A constituição do corpus se deu através da aplicação de uma Sequência Didática (SD), que nos possibilitou selecionar dez textos produzidos por alunos sobre a questão polêmica: “Proibir ou não o uso do capacete no perímetro urbano?”. Os resultados obtidos sinalizam que, para escrever um artigo de opinião consistente, é imprescindível recorrermos a determinadas estratégias argumentativas para persuadir e convencer o auditório para o qual a argumentação é lançada. Embora os cinco artigos de opinião da versão inicial tenham apresentado teses, argumentos, valores e suas hierarquias, os alunos/oradores demonstraram ter dificuldade em construir uma argumentação persuasiva porque esses textos ficaram reduzidos a um discurso mais expositivo que propriamente argumentativo, além de alguns problemas de escrita que os distanciam, parcialmente, dos aspectos estruturais e discursivos próprios do gênero textual estudado. Por fim, a argumentação não foi suficiente para validar as teses principais considerando os argumentos e os valores mobilizados e hierarquizados. Já os textos da versão final evidenciam claramente uma tese, a técnica argumentativa mais usada foi a dos argumentos com base no real, seguida pelos argumentos que fundam o real e pela dissociação de noções. Já os argumentos principais também foram baseados na estrutura do real, especialmente o ato/pessoa, e os que fundamentam o real, pelo caso particular e pelo exemplo. Outrossim, todos os artigos de opinião apresentaram uma recorrência aos valores da argumentação, especialmente os valores abstratos, positivos e universais, hierarquizados a partir das escolhas feitas pelos oradores em relação ao grau de relevância de um valor sobre o outro para garantir a argumentatividade. A qualidade argumentativa desses textos se deve principalmente ao comprometimento dos alunos durante a realização da SD, visto que aplicamos um conjunto de atividades com o objetivo de superar algumas dificuldades do público-alvo em relação à escrita do gênero textual em questão com vistas ao domínio da proficiência argumentativa. Portanto, com a elaboração deste trabalho almejamos contribuir positivamente para o ensino de Língua Portuguesa e para futuras pesquisas desenvolvidas, no POFLETRAS/CAPF/UERN, sobre a argumentação aplicada ao ensino da produção textual como prática, social, situada e processual.

A presente dissertação objetiva analisar, de modo geral, as contribuições dos operadores argumentativos para o direcionamento lógico-semântico no desenvolvimento da coesão e coerência na produçãoescrita dogêneroartigo de opinião. Nesse sentido, sentimos a necessidade de trabalhar a produção textual com os alunos concluintes do Ensino Fundamental Anos Finais, uma vez que esses discentes precisam se apropriar de uma base argumentativa para defesa de seus pontos de vista, competência essa tão almejada para a produção de textos argumentativos como a redação do ENEM, entre outros. Partindo dessas considerações, acreditamos que o ensino de Língua Portuguesa ancorado na perspectiva enunciativa e discursiva, conforme a BNCC (Brasil, 2018), que elege o texto  como unidade básica e seus contextos para um trabalho com os gêneros discursivos/textuais transitando pelas esferas da atividade humana. Em seguida, apresentamos as concepções de leitura segundo Solé (1998), e asoperações para a aprendizagem da escrita à luz de Dolz  e Sheneuwly (2010). No que concerne às concepções de língua como processo sociointerativo e multissistêmico, são discutidas na visão de Antunes (2003), e, no tocante às concepções de linguagem, consideramos as discussõesde Travaglia (2009). Discorreremos sobre as concepções de texto, segundo os pressupostos de Antunes (2010), Beaugrande e Dressler (1981), e, na ótica de Marcuschi (2008). Quanto aos elementos que compõem a textualidade dialogamos à luz de Antunes (2005; 2017), Beaugrande e Dressler (1981), Charolles (1998) e Koch (2022). Por conseguinte, traremos a conceituação de gêneros textuais/discursivos e de seus elementos constitutivos conforme Bakhtin (2011) e Marcuschi (2002), tambémdialogaremos sobre a constituição das sequências textuais sob o olhar de Adam (2001), além de destacar  os conhecimentos e as competências que são acionados no momento da escrita, segundo Oliveira (2010). No tocante à argumentação, discorreremos na perspectiva de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014),  e as contribuições de Drucot (1987) e seus colaboradores sobre a teoria de argumentação na língua, em seguida, teceremos a compreensão sobre o direcionamento lógico-semântico dos operadores argumentativos na perspectiva de Koch e Elias (2016). No que se refere aos gêneros trabalhados, consideramos as conceituações e caracterizações da entrevista e do artigo de opinião sob os olhares de Hartmann e Santarosa (2012), Köche, Boff e Marinello (2014) e Koch e Elias (2016). A metodologia está  embasada em Gil (2010) e caracteriza-se como uma pesquisa aplicada de natureza interventiva com abordagem qualitativa e descritiva. Para a intervenção, a pesquisa ancora-se no modelo de sequência didática proposto por Dolz  e Sheneuwly (2004).  A análise do corpus foi feita através da seleção de textos advindos da produção de dez artigos de opinião (cinco em sua versão inicial e cinco em sua versão final) com discentes do 9º ano do Ensino FundamentalAnos Finais de uma escola pública localizada no alto sertão da Paraíba. Dentre os principais resultados, constatamos o direcionamento lógico-semântico que os operadores indicaram na versão finaldos artigos de opinião: finalidade; soma de argumentos em favor de uma mesma conclusão; contrajunção de argumentos; conclusibilidade expressa por operadores que introduz no enunciado uma premissa maior, geralmente implícita, e uma premissa menor explícita, extraindo disso, uma conclusão; explicação/justificação de argumentos; exemplificação; gradação de força de argumentos em uma escala; causalidade; antecipação de um argumento a favor de uma conclusão; conteúdo pressuposto; comparação; correção/redefinição e alternância. Além disso, o estudo por meio da sequência didática possibilitou aprimorar a aprendizagem sobre o gênero artigo de opinião nos seus aspectos constitutivos, revelando assima competência linguísticae discursiva dos discentes, contribuições essas indispensáveis no processo de ensino de Língua Portuguesa.

Esta pesquisa volta-se para o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas de professores de Língua Portuguesa da rede pública de ensino brasileira, especialmente no que diz respeito à produção e à recepção dos textos escritos pelos alunos. Tem como objetivos investigar como se dá a coesão polifônica no gênero carta aberta produzido por alunos do 8º e do 9º ano do ensino fundamental. A pesquisa busca analisar como os estudantes sinalizam no texto a responsabilidade enunciativa pelo que é dito e como constroem um posicionamento (engajamento ou instanciação) autoral nesse gênero. Tendo em vista o caráter interventivo dos trabalhos do Programa de Mestrado Profissional em Letras, a presente pesquisa almeja, como contribuição mais imediata, por meio de oficinas pedagógicas, uma colaboração para sanar as dificuldades dos alunos do ensino fundamental quanto ao gerenciamento de pontos de vista alheios no texto, principalmente, com a intenção de auxiliá-los na construção de um ponto de vista próprio. Teoricamente, esta investigação norteia-se pelos estudos de Adam (2011, 2019, 2022) no âmbito da Análise Textual dos Discursos, em diálogo com pesquisas do campo da enunciação e do discurso, com estudos já desenvolvidos na área da Linguística Textual e com as discussões acerca do ensino da produção de textos nas aulas de Língua Portuguesa. Em termos metodológicos, segue-se uma abordagem do tipo qualitativa, descritiva e interpretativa. Trabalha-se diretamente em sala de aula. Portanto, o estudo apresenta o caráter de uma pesquisa-ação (TRIPP, 2005), devido a sua finalidade interventiva. Para a execução em sala de aula, aplicaram-se oficinas pedagógicas seguindo o que é proposto no Programa Reading to Learn (Ler para Aprender), em que, por meio de círculos sucessivos interligados, desenvolvem-se atividades de escrita e de leitura, em grupo e individuais, que oportunizam a interação entre os estudantes (LÊDO; BEZERRA; COSTA-MACIEL, 2022). O programa é composto por um conjunto de opções para integrar a leitura e a escrita com o currículo escolar que inclui preparação para a leitura e leitura individual, construções conjuntas e individuais, escrita detalhada e reescrita com foco na estrutura gramatical e grafologia. O corpus deste estudo é composto por três cartas abertas produzidas por alunos do 8º e do 9º ano do ensino fundamental, nas quais buscamos analisar o ponto de vista, a imputação e as marcas linguísticas em que ocorrem a assunção da responsabilidade enunciativa. Como resultados, percebemos a autoria presente nas cartas escritas pelos alunos, desde sua organização às marcas e às diferentes posturas enunciativas dos locutores enunciadores primeiros. Vimos, a partir do uso de modalizadores que os L1/E1 concordam com o conteúdo do PDV do outro, estabelecendo uma relação de responsabilidade enunciativa. Com este trabalho, pretende-se contribuir para a área dos estudos linguísticos do texto e do discurso, em particular, para o fortalecimento das pesquisas no âmbito da responsabilidade enunciativa e do grupo de pesquisa ao qual esta investigação se vincula.

Esta pesquisa tem como objeto de estudo a investigação da formação em literatura das
professoras/leitoras que lecionam nos anos iniciais na Escola Municipal de Ensino Infantil e
Fundamental Vitória Bezerra, localizada no município de Cajazeiras – PB, para identificar
reflexo dessa experiência literária na formação de leitores na escola. Partindo de uma pesquisa
qualitativa de caráter interventivo, temos como objetivo geral investigar a formação literária
dessas professoras que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, dada a condição de
mediadoras do texto sob a perspectiva do letramento literário. Em consonância com o tema
investigado, fundamentamos nossa pesquisa nas teorias de Soares (2008); Freire (2011); Britto
(2003); Jouve (2002); Amarilha (2013); Silva (2011), Cosson (2016), Souza (2004/2021);
Colomer (2007); Petit (2009) e Imbernón (2011), entre outros. O percurso metodológico se
delineou em duas fases que colaboraram com os dados registrados neste estudo, iniciando com
um questionário on-line e, na sequência, encontros formativos com foco na literatura com os
sujeitos de pesquisa. A partir do questionário aplicado entre as participantes, constatamos a
carência pontual de uma formação abalizada no que concerne à formação de leitores na escola,
dados que subsidiaram os temas dos encontros formativos que afloraram discussões coletivas
que repercutem em práticas docentes mais assertivas na formação de leitores literários e
também comprovam que é pujante a necessidade de uma política formativa específica para o
tema em questão. Por isso, como resultado, elaboramos um Fichário Pedagógico Literário com
propostas de sequências básicas do letramento literário com orientações didático-metodológicas
para aplicação nas turmas dos anos iniciais, no intuito de sistematizar um trabalho voltado à
formação de leitores.

Este trabalho objetiva, de forma geral, analisar as heterogeneidades enunciativas e a construção dos pontos de vista em memórias literárias produzidas por alunos do 7° ano do Ensino Fundamental II. Objetivamos especificamente: (i) descrever o processo de retextualização do gênero relato pessoal para o gênero memórias literárias; (ii) identificar as vozes presentes em memórias literárias dos alunos, verificando como eles constroem pontos de vista próprios em diálogos com essas vozes; (iii) interpretar os efeitos de sentido produzidos a partir de outros discursos presentes nas memórias literárias dos alunos. Para tal estudo, aplicamos uma sequência de 03 (três) oficinas em uma escola da rede estadual de ensino da Paraíba. Esta pesquisa é de natureza aplicada, pois pretende gerar novos conhecimentos e ao mesmo tempo resolver problemas; prática, pois se caracteriza por intervir no contexto do pesquisador e do pesquisado; empírica, por se basear na observação e experiências da vida. Nossa pesquisa é exploratória, isto é, faz com que o pesquisador se aproxime do fenômeno investigado, além de ampliar o conhecimento sobre o tema escolhido. É descritivo-interventiva, e segue uma abordagem qualitativa dos dados. Pode ser considerada uma pesquisa-ação, pois o pesquisador e os participantes da situação ou do problema estão envolvidos de maneira cooperativa e interativa. O corpus está constituído de produções textuais dos estudantes. Teoricamente, nos embasamos nos postulados e ideias de Bakhtin (2016), Possenti (2009) e Maingueneau (2013). Apoiamo-nos também na Teoria do Ponto de Vista de Alain Rabatel (2016, 2021), dialogando com a categoria das heterogeneidades enunciativas, de Jaqueline Authier-Revuz (1990, 2004, 2007 e 2011). Discutimos sobre o gênero memórias literárias e retextualização a partir das discussões de Marcuschi (2010). Abordamos os conceitos de texto, leitura, produção de textos e escrita criativa baseados nas discussões de Geraldi (2013), Elias e Koch (2008), Roxane Rojo (2015), PCNs e BNCC. Além disso, consideramos as reflexões teóricas de Moran (2015), Rojo e Barbosa (2015) sobre tecnologias educacionais. Os resultados das análises mostram que o Aluno narrans (parafraseando Rabatel) consegue dialogar constantemente com vários outros discursos, quer seja consciente disso ou não, explícita ou implicitamente. Ele é capaz de se colocar no lugar do outro e falar a partir do discurso alheio, sabe emitir opiniões e elaborar um ponto de vista sobre os temas propostos nas atividades escolares. Alguns com mais habilidade outros com menos, são criativos e sabem dialogar com e por intermédio do outro. No entanto, a vivência em sala de aula é desafiadora em relação ao processo de conquista da atenção dos alunos, uma vez que nem todos participaram da intervenção. Almejamos que esta pesquisa alcance tanto acadêmicos quanto professores da rede básica, que possa despertar o interesse pela reflexão em torno da escrita e reescrita de textos em sala de aula. É evidente que os resultados desta pesquisa não podem ser vistos como práticas já finalizadas, foi uma experiência que nos levará a muitas outras. Esperamos que venha a colaborar e enriquecer ainda mais a discussão em torno dos gêneros discursivos, mais especificamente memórias literárias.

A presente pesquisa constitui-se na investigação sobre como os alunos do 9º ano, da EEF Francisco Castelo de Castro, do distrito de Nova Betânia, Farias Brito-CE, produzem argumentação em memes. Diante disso, temos como objetivo principal analisar, a partir da teoria da argumentação de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), a proposta de ensino do gênero meme em aulas de Língua Portuguesa nessa escola. Quanto aos objetivos específicos destacamos: (1) Realizar a intervenção por meio de uma sequência didática sobre a argumentação em meme; (2) Analisar as teses argumentativas usadas pelos alunos na produção dos memes; (3) Investigar como os alunos fazem uso dos valores e suas hierarquias, técnicas, lugares da argumentação na produção de meme para defender seus pontos de vista. Para o alcance desses objetivos, nos embasamos nos conceitos-chaves sobre teses, técnicas, valores, hierarquias e lugares da argumentação estabelecidos pelo ponto de vista teórico da argumentação na perspectiva da Nova Retórica, através da teoria da argumentação de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005) e no “Império Retórico” de Perelman (1992); outrossim, apoiamo-nos nas pesquisas de Abreu (2009), Reboul (1998), Souza (2008) e outros que apresentam relevantes reflexões sobre a argumentação. Através dos estudos de Bakhtin (1992 e 2016), de Marcuschi (2008 e 2010) compreendemos a linguagem no sentido dialógico e o gênero textual enquanto prática social que se materializa no texto. Os PCN (1998), BNCC (2017), Antunes (2003 e 2009), Nascimento (2015) e outros fundamentam a discussão acerca do ensino de Língua Portuguesa com foco no gênero textual. No que se refere ao gênero meme, ancoramo-nos em Chagas (2020) que apresenta a cultura dos memes, definindo-o como gênero multimodal. Diante desse fato, tomamos como aporte o estudo de Rojo (2012 e 2013), etc. cujas abordagens se declinam sobre a multimodalidade no ensino. A pesquisa é de natureza qualitativa e trata-se de uma pesquisa-ação, com metodologia interventiva, a partir da aplicação do projeto de intervenção para verificar como os alunos operam a argumentação na escrita de memes, obtendo, assim, o corpus. A metodologia aqui centra-se na releitura de memes e na sequência didática com base em Dolz, Noverraz e Schneuwly, (2004) para a escrita e a análise de 10 memes produzidos pelos alunos. Na análise foi compreendido que os alunos/oradores organizam e fazem uso da argumentação, considerando teses, técnicas, valores, hierarquias e lugares argumentativos. Essas situações dialógicas de produção do meme, com foco na argumentação, através da sequência didática, contribuíram para a formação significativa dos alunos, já que esses organizaram suas teses fazendo uso da multimodalidade, através da escolha de elementos verbais e não verbais, para demonstrar os valores, hierarquias, lugares e técnicas argumentativas nos seus textos. Assim, o trabalho está estruturado numa sequência didática que oportuniza aos estudantes e aos professores se apropriarem do gênero meme, ao passo que cumpre a função social de fomentar o saber linguístico como instrumento do discurso crítico em que a argumentação se faz presente. 

Nesta dissertação, abordamos a retextualização em biografias produzidas por
alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública no interior do
estado do Pará. Tendo como objetivo principal investigar o processo de
retextualização do gênero entrevista para o gênero biografia, considerando seus
aspectos composicionais e as operações de retextualização. Para direcionar os
estudos sobre os gêneros discursivos, buscou-se suporte em Bakhtin (2003) e
demais autores como Marcuschi (2001, 2005 e 2010), Dolz (2004), Koch e Elias
(2012) que corroboram com o estudo dos gêneros, tanto orais quanto escritos, na
sala de aula. Nesse sentido, buscou-se aporte ainda nos documentos oficiais que
orientam o ensino da Língua Portuguesa: PCNs (1998) e BNCC (2017). Para
caracterização do gênero em estudo, a biografia, ancoramo-nos nos estudos de
Dosse (2009), Saraiva, Schemes e Araújo (2011) e Cardoso (2012). Para tratar do
processo de retextualização e suas contribuições para o ensino da produção de
texto em sala de aula, apresentamos aporte teórico baseado nos estudos de
Marcuschi (2010) e Dell’Isola (2007). O percurso metodológico desta pesquisa,
baseia-se nos estudos de Bogdan e Biklen (1994), Bortoni-Ricardo (2008), Thiollent
(2011) dentre outros, com base nos quais descrevemos a pesquisa qualitativa e
interventiva; os sujeitos envolvidos; a caracterização da construção do corpus obtido
por meio de uma intervenção em sala de aula realizada a partir da aplicação de uma
sequência didática, que deu suporte para a coleta de dados. Dessa forma, a
entrevista oral foi transcrita e depois retextualizada para o gênero biografia escrita.
As análises aportadas de forma empírica em dados qualitativos, consentiram
reconhecer as contribuições do processo de retextualização para a ampliação da
escrita dos alunos participantes desta pesquisa. Além de contribuir para o
desenvolvimento da oralidade, leitura e escrita, pode-se perceber que o trabalho
com o gênero biografia, também proporciona ao discente desenvolver-se enquanto
cidadão, tendo em vista que o ajuda a perceber e enxergar a vida pela perspectiva
do seu semelhante, entender suas alegrias, esperanças, frustrações, fracassos e
êxitos. Esses fatores possibilitam a reflexão sobre o outro, fazendo com que o
aprendizado aconteça também a partir da história de vida de outras pessoas. Por
meio dos resultados adquiridos, entende-se que o presente trabalho pode contribuir
para gerar reflexões e perspectivas para o ensino da escrita no Ensino Fundamental,
pois ao nos apropriarmos das inúmeras possibilidades de planejamentos e decisões
didáticas que podemos exercer na nossa prática pedagógica cotidiana,
conseguiremos também atender às necessidades educacionais dos nossos alunos
de forma mais ampla.

Na escola existe todo empenho para que os alunos exerçam seus direitos e deveres de modo consciente e pleno. O fundamento para que essas finalidades ocorram é a leitura. Notadamente, que fatores externos à escola, como a cultura presente, influenciam no produto. Do mesmo modo, aspectos como as crenças dos alunos e professores podem vir a interferir ao longo do processo de ensino-aprendizagem. O êxito desse processo está no equilíbrio das crenças dos participantes e na troca de experiências bem sucedidas. Com isso, nosso estudo tem como objetivo geral analisar as contribuições das experiências dos educandos com as memórias literárias nas aulas de leitura. Para essa análise, contamos com a participação de quinze alunos do 7° ano e três professores de Língua Portuguesa. Para coletarmos e analisarmos os dados, adotamos uma abordagem qualitativa, com a utilização de questionários semiestruturados, com aplicação aos participantes e analisados a partir dos estudos de crenças,propostos por Miccoli (2005, 2007), Barcelos (2001, 2004, 2007), Oliveira (2007, 2017, 2019, 2020) e Morin (2000). Através da análise dos dados, procurou-se estruturar uma cartilha com sugestões de atividades de leitura e uso das ferramentas digitais, fundamentada na proposta de leitura por andaimes de Graves e Graves (1995). A base teórica foi constituída e fundamentada em autores como: Freire (1987, 1989), Graves e Graves (1995), Solé (1998), Colomer; Camps (2010) e Marcuschi (2008) que apontam sobre as concepções e estratégias de leitura e Rojo (2002, 2012), Moran (2007, 2013) e Kenski (2012), que discutem a função das ferramentas digitais na educação.

A presente dissertação tem o propósito de trazer uma discussão sobre o trabalho com o texto literário com foco voltado para ele mesmo em sala de aula. A intenção é fazer uma avaliação de como a literatura é tratada e qual o seu verdadeiro espaço na educação. A finalidade é percorrer caminhos para inserir o texto literário como prioridade dentro do ambiente escolar e com isso trabalhar a humanização do saber através da subjetividade da literatura.

 Situada na Análise do Discurso, esta pesquisa apresenta uma proposta de trabalho pedagógico ao professor de língua materna, especificamente de Língua Portuguesa do 8º ano do Ensino Fundamental quanto à leitura antirracista. O estudo tem como objetivo geral propor o trabalho pedagógico discursivo no contexto da educação para as relações étnico-raciais em práticas de leitura antirracista a partir de posts do Instagram com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. Para isso, utilizam-se as fundamentações teóricas de poder de Foucault (2005), dos estudos discursivos de Pêcheux (1997) e Orlandi (2005) e das relações étnico-raciais a partir de Gomes (2002), Souza (2005) e Munanga (2005). Trazemos também as contribuições de leitura como fator social de Leffa (1996), assim como as orientações da Lei 10.639/2003 e suas Diretrizes e o plano de educação sobre a diversidade étnico-racial na escola (2004). No que se refere à metodologia, trata-se de uma pesquisa qualitativa interpretativista, com pesquisa-ação, mediante a geração de dados por meio de rodas de conversa e oficinas educativas na sala de aula. Como resultado, apresentamos um caderno pedagógico composto por duas rodas de conversa e quatro oficinas com textos que circulam na sociedade para dar suporte ao professor nas atividades de leitura antirracista do 8º ano do Ensino Fundamental, podendo ser adaptada a outros anos dessa etapa escolar. O trabalho possibilita diversas discussões, reflexões e produções sobre as relações étnico-raciais, que geralmente são negligenciadas no currículo escolar, oportunizando um olhar democrático sobre o ensino de Língua Portuguesa e áreas afins.