RELAÇÃO DO CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO PRESENTE EM UMA COMUNIDADE INDÍGENA POTIGUAR COM A CONSERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO LOCAL
Recursos Naturais, Etnobotânica, Sistemática Vegetal, Unidade de Conservação, Comunidades Indígenas.
As comunidades tradicionais são espaços bastante estudados no âmbito das ciências sociais e naturais pois, tais comunidades, além de apresentarem uma grande riqueza cultural, demonstram um contato diferente com os recursos naturais em comparação com os cidadãos das grandes metrópoles. Contudo, é visto que essas comunidades embora atraiam o foco da ciência cada vez mais, sofrem com a pressão de empresas e latifundiários que buscam os recursos presentes nelas e também com a discriminação frente às suas práticas protecionistas da natureza. O Rio Grande do Norte é um estado que se caracteriza por possuir dois biomas de grande importância e bastante estudados atualmente que são a Caatinga e a Mata Atlântica e, além disso, uma grande sociodiversidade incluindo povoados indígenas. Nele foram criadas 11 UC’s estaduais com o objetivo de conservar a biodiversidade tanto em áreas de mata atlântica como em áreas de caatinga. Tendo isso em vista, esse trabalho tem como objetivo geral o levantamento florístico e etnobotânico da região da Área de Proteção Piquiri-Una onde se localiza a comunidade indígena do Katu e como objetivos secundários diagnosticar a composição florística e conhecer o uso das plantas por essa comunidade, contribuir para caracterização do conhecimento tradicional contido nas comunidades indígenas do Rio Grande do Norte, compreender como as expressões culturais e religiosas da população se conectam com a vegetação local e caracterizar uma área de desenvolvimento sustentável que se encontra em estado de transição entre os dois biomas contidos no estado. A primeira parte do trabalho aconteceu por meio de entrevistas semiestruturadas com a comunidade em que foram abordadas 42 famílias no processo sobre as plantas utilizadas de forma medicinal, alimentícia, cultural e na construção civil. Foi coletado as plantas para o processo de identificação e tombamento no Herbário do Parque das Dunas. Foram tabeladas 37 famílias botânicas com 76 espécies medicinais. Ademais também foram destacadas 10 espécies de arbóreas nativas que possuíam algum uso etnobotânico e era retiradas da Zona de Uso Sustentável do Katu.