A ANSIEDADE COMO FATOR ASSOCIADO AO DESGASTE DENTÁRIO EM PACIENTES JOVENS: UM ESTUDO DE PREVALÊNCIA
Desgaste dentário. Ansiedade. Escala de ansiedade. Desgastes dentários.
Introdução: A ansiedade, tem sido associada a uma variedade de condições de saúde, incluindo comportamentos orais prejudiciais, como bruxismo e ranger de dentes, as quais podem levar ao desgaste dentário. Esse desgaste, antes comum em idosos, tem sido identificado cada vez mais em pacientes jovens, especialmente devido à exposição a fatores como dietas ácidas e estresse. Objetivo: O estudo teve como objetivo avaliar a associação entre ansiedade e desgaste dentário em jovens atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Apodi, RN, Brasil. Método: Foi realizado um estudo observacional. Dados sociodemográficos e hábitos de saúde bucal foram coletados por questionários semiestruturados. A ansiedade foi medida pelo Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), onde a soma das respostas gera um escore de 20 a 80 pontos, indicando ansiedade baixa (20-40), média (41-60) ou alta (61-80). O desgaste dentário foi avaliado pelo Índice de Desgaste Dentário (TWI) e pelo Exame Básico de Desgaste Erosivo (BEWE) que não só mede a gravidade da condição, mas também orienta o gerenciamento, classificando o risco em: nenhum (≤2), baixo (3-8), médio (9-13) e alto (≥14), conforme a soma das pontuações. Utilizou-se o teste qui-quadrado para verificar associações estatísticas entre as variáveis. Resultados: O estudo incluiu 170 jovens (18-29 anos) de Apodi, RN, sendo 45,29% mulheres (n=77), 46,47% homens (n=79) e 8,24% outros gêneros (n=14). Entre os pacientes com alto risco de desgaste (20,8%, n=35), 57,1% (n=20) apresentaram alto nível de ansiedade (p=0,000). Entre aqueles com médio risco (11,8%, n=20), 40% (n=8) também tinham alto risco de ansiedade. No grupo sem desgaste (44,7%, n=76), 89,5% tinham baixa ansiedade. Em relação ao uso de medicamentos, 94,4% dos usuários de Diazepam (n=17) e 100% dos usuários de Clonazepam/Sertralina (n=15) mostraram risco elevado de desgaste (p=0,000). O bruxismo foi associado ao desgaste em 73,7% (n=14) dos casos, e o hábito de roer unhas aumentou o risco em 53,6% (n=30), com valores de p significativos (p=0,000). Refluxo gástrico também mostrou associação forte, com 77,3% (n=17) dos indivíduos com essa condição em risco elevado (p=0,000). Na avaliação da qualidade de vida com OHIP-14, o grupo de alto risco de desgaste relatou 94,4% de dor física (n=17), 72,3% desconforto psicológico (n=13) e 75,8% inabilidade física (n=22). Os sextantes 5 (25,9%, n=44) e 2 (24,7%, n=42) foram os mais afetados, enquanto os dentes mais comprometidos foram os pré-molares e molares, com desgastes de 1-2 mm. Conclusão: A ansiedade tem um impacto significativo na saúde bucal de jovens, contribuindo para hábitos que aceleram o desgaste dentário. Esses achados reforçam a necessidade de intervenções integradas que enfoquem o controle da ansiedade e a promoção da saúde bucal, além de considerar o desgaste dentário como um fator que impacta a qualidade de vida.