PROTOCOLO DE CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA MULHERES TRANSGÊNERO E TRAVESTIS EM HORMONIZAÇÃO FUNDAMENTADO NA TEORIA DA DIVERSIDADE E UNIVERSALIDADE DO CUIDADO CULTURAL
Enfermagem; Protocolo Assistencial, Mulheres Transgênero e Travesti.
Introdução: Mulheres transgênero e travestis enfrentam barreiras significativas no acesso à saúde, incluindo discriminação, acolhimento insuficiente, insegurança técnica das equipes e ausência de protocolos específicos para hormonização, o que compromete a continuidade do cuidado, amplia vulnerabilidades clínicas e acentua desigualdades, evidenciando a necessidade de instrumentos culturalmente sensíveis para orientar a prática da enfermagem. Objetivo: Construir e validar o conteúdo, à luz da Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger e do Processo de Enfermagem, um protocolo de consulta de enfermagem para mulheres transgênero e travestis em hormonização. Método: Trata-se de um estudo metodológico desenvolvido em três etapas: revisão integrativa da literatura, seguindo PRISMA, realizada nas bases PubMed, EMBASE, BVS, Web of Science e Scopus, resultando em 23 artigos; construção do protocolo assistencial a partir das evidências científicas e dos princípios da teoria de Leininger; e validação de conteúdo com oito juízes especialistas, utilizando Índice de Validade de Conteúdo, Teste Binomial e Índice Kappa para mensurar concordância e confiabilidade. Resultados: A revisão identificou falhas no acolhimento, automedicação hormonal, fragilidades nos fluxos assistenciais e necessidades clínicas envolvendo saúde mental, riscos cardiovasculares, alterações metabólicas, composição corporal e densidade óssea. A partir desses achados, o protocolo foi desenvolvido de forma estruturada, contemplando etapas de acolhimento, avaliação clínica, monitoramento da hormonização, educação em saúde e organização dos fluxos assistenciais, integrando recomendações derivadas das evidências científicas com os três modos de ação do cuidado propostos pela Teoria de Leininger (preservação, acomodação e repadronização). A construção incluiu ainda fluxogramas decisórios, quadros de orientação clínica e intervenções culturalmente coerentes, assegurando aplicabilidade prática e alinhamento às diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral LGBT. O protocolo apresentou IVC ≥ 0,80, significância no Teste Binomial e Kappa com concordância quase perfeita, confirmando sua adequação e clareza.Conclusões: O protocolo demonstrou validade de conteúdo e sensibilidade cultural, configurando-se como ferramenta capaz de qualificar o cuidado de enfermagem, aprimorar fluxos assistenciais, fortalecer o acolhimento e promover práticas mais equânimes e humanizadas para mulheres transgênero e travestis em hormonização.