RELAÇÕES ENTRE O ESTADO NUTRICIONAL E O ÍNDICE INFLAMATÓRIO DA DIETA SOBRE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E AS FORMAS CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS
Avaliação nutricional; Estado Nutricional; Doença de Chagas; Nutrição; Inflamação.
Introdução: No Brasil, estima-se que pelo menos um milhão de pessoas estejam infectadas pelo T. cruzi. Apesar da alta prevalência, a literatura destaca uma lacuna sobre o impacto dos padrões alimentares na evolução das formas clínicas da doença. Dietas inadequadas, ricas em alimentos inflamatórios, podem intensificar a resposta inflamatória, aumentando danos teciduais e complicações cardíacas. Assim, é essencial compreender o perfil nutricional desses pacientes e como os parâmetros inflamatórios da dieta podem influenciar a progressão das formas clínicas, uma vez que a inflamação crônica desempenha papel central na patogênese da Doença de Chagas (DC). Objetivo: Analisar o impacto do estado nutricional e do Índice Inflamatório da Dieta (IID) sobre os marcadores inflamatórios e as diferentes formas clínicas em pacientes com DC. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional e transversal, com abordagem quanti-qualitativa, realizado no Ambulatório de DC da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. A amostra foi de 97 pacientes. Foram coletadas variáveis sociodemográficas e antropométricas, como peso, altura e circunferências, além de medidas de composição corporal, como massa muscular, massa magra e percentual de hidratação. O perfil clínico e de saúde foi analisado por meio de questionários e registros nos prontuários. Foi aplicado o Questionário de Rastreamento Metabólico (QRM), a escala de Bristol. O consumo alimentar e dietético foi avaliado por meio do Recordatório Alimentar de 24h (R24h), aplicado em triplicata, sendo identificado os parâmetros alimentares para o cálculo do IID. O marcador Razão Neutrófilo-Linfócito (RNL). Resultados: A análise dietética, baseada no IID, revelou que pacientes com FCD apresentaram maiores índices de hidratação (44,04%) e massa magra (29,00%), enquanto aqueles com FCI exibiram maior circunferência abdominal e cintura. Ambos os grupos apresentaram Índice de Massa Corporal (IMC) médio com indicativo de sobrepeso: 27,41kg/m² (FCD) e 29,12kg/m² (FCI). O IID indicou que dietas pró-inflamatórias demonstraram um maior percentual sobre o rastreamento metabólico positivo para hipersensibilidades e sintomas gastrointestinais, como constipação e desidratação, de acordo com a Escala de Bristol. Além disso, observou-se uma tendência de maior prevalência de hipersensibilidades, sobrepeso e obesidade entre os pacientes com dietas pró-inflamatórias, tanto na FCD quanto na FCI. Observou-se ainda que o grupo indeterminado apresentou menor RNL em comparação ao grupo digestivo/cardiodigestivo (p=0,03), reforçando a relação entre o perfil inflamatório sistêmico e as formas clínicas da DC. Conclusão: O uso do Índice de Inflamação Dietética (IID) e da Razão Neutrófilo-Linfócito (RNL) apresenta-se como uma estratégia útil no rastreamento e monitoramento do estado inflamatório em pacientes com DC. Além disso, a aplicação da Escala de Bristol e do rastreamento metabólico pode contribuir para uma abordagem mais integrada no manejo desses pacientes. Intervenções
dietéticas que reduzam o potencial inflamatório da dieta são fundamentais, podendo desempenhar um papel relevante no controle da doença e na melhoria da qualidade de vida dessa população.