Significados para os enfermeiros da Atenção Primária à Saúde sobre autolesão não suicida em adolescentes: olhar da fenomenologia de Alfred Schütz
Autolesão Não Suicida. Saúde do Adolescente. Atenção Primária à Saúde. Enfermagem de atenção Primária
Objetivou-se compreender o significado da autolesão não suicida em adolescentes para enfermeiros da Estratégia Saúde da Família. Trata-se de um estudo fenomenológico com base no referencial teórico na fenomenologia social de Alfred Schutz. A pesquisa foi desenvolvida nas Unidades Básicas de Saúde do município de Caicó-RN. Participaram do estudo sete enfermeiros que atuam na Estratégia Saúde da Família e desenvolvem ações do Programa Saúde na Escola com adolescentes. A coleta se deu por meio de encontros individuais com aplicação de entrevista semiestruturada com seis questões norteadoras. Seguiram-se os passos propostos pela abordagem fenomenológica, colocando-se em Epoché para suspender as dúvidas e adentrar ao mundo da vida dos participantes sem julgamentos. Após o processo de transcrição, leitura e codificação, surgiram três categorias analisadas segundo o referencial da fenomenologia social. São elas: Percepção acerca da autolesão não suicida e das estratégias de intervenção; O trabalho da Atenção Primária à Saúde com adolescentes e suas ações em saúde mental e Programa Saúde na Escola: potências e fragilidades na relação saúde educação. Os enfermeiros apresentaram desconhecimento sobre a autolesão não suicida, interpretando o fenômeno a partir do mundo da vida cotidiana e seus estoques de conhecimento à mão. Para realizar o cuidado ao adolescente que se autolesiona, fazem uso do sistema de relevâncias e acreditam na criação de vínculo, acolhimento e diálogo para orientarem suas condutas. No que se refere ao conhecimento em saúde mental, expões as fragilidades da formação em saúde e a ausência de temáticas mais aprofundadas em saúde mental dentro da educação permanente. Todos avaliaram o Programa Saúde na Escola como promissor, porém executado de maneira pontual e com ausência da intersetorialidade. Há a necessidade do fortalecimento da formação em saúde mental, do reconhecimento da saúde integral do adolescente e integração no cuidado em saúde por todos os atores que circundam o sujeito, pautando-se na intersubjetividade, na situação biográfica, construindo de fato relações orientadas para o Tu, criando assim as relações face a face.