EMPODERAMENTO COMUNITÁRIO SOBRE DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA: APLICAÇÃO DO MAIEC EM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO NORTE
Conhecimento, Doença de Chagas, Educação em Saúde, Enfermagem, Processo de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Empoderamento.
A Doença de Chagas permanece como uma das doenças tropicais negligenciadas nas Américas. A literatura evidencia o desconhecimento populacional sobre a patologia e a carência de estratégias educativas que promovam o empoderamento e a liderança
comunitária no controle da doença. Assim, o presente estudo teve como objetivo geral avaliar a efetividade de uma intervenção educativa, fundamentada no protocolo MAIEC, na melhoria do conhecimento de uma comunidade rural sobre a Doença de Chagas Crônica, contribuindo para o seu empoderamento. Trata-se de um estudo de intervenção, analítico, quase-experimental e de natureza quantitativa. O estudo foi desenvolvido no município de Caraúbas e nas zonas rurais. A população incluiu pessoas com Doença de Chagas, atendidos no Ambulatório de Doença de Chagas da UERN, familiares, profissionais e gestores da Secretaria Municipal de Saúde. A amostra final foi composta por 50 participantes. A coleta de dados ocorreu em dois momentos (pré e pós-intervenção), através da Escala de Avaliação do Empoderamento Comunitário e do Questionário de Diagnóstico do Processo Comunitário do MAIEC. Foi realizado o diagnóstico da problemática, identificando que os principais impasses na comunidade estavam relacionados ao conhecimento, empoderamento e falta de liderança comunitária. Com base nesses diagnósticos, intervenções foram planejadas. Elas consistiram em um curso de capacitação on-line para profissionais e gestores e um mutirão educativo presencial voltado a pacientes, familiares e a comunidade da zona rural de Apanha Peixe. Os resultados revelaram predomínio de participantes do sexo feminino (66%), residentes na zona rural (70%), com ensino fundamental incompleto (34%). A análise comparativa entre os momentos pré e pós-intervenção, realizada pelo teste de McNemar, evidenciou avanços significativos em três variáveis centrais. O conhecimento sobre o que fazer ao encontrar o barbeiro apresentou aumento expressivo de acertos, passando de 69,4% para 91,8% após a intervenção (p = 0,001), indicando melhora robusta na capacidade de ação imediata frente ao vetor. De modo similar, o conhecimento sobre como ocorre a transmissão da doença evoluiu de 16,7% para 50% de respostas corretas (p = 0,000). Houve melhora estatisticamente significativa na compreensão de que a Doença de Chagas tem cura, com acertos aumentando de 49% para 67,3% (p = 0,049). Foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os deltas de conhecimento segundo faixa etária, escolaridade e grupo de pertencimento indicando que esses fatores influenciaram a magnitude do ganho cognitivo após a intervenção. Além disso, o delta de conhecimento apresentou associação significativa com variáveis específicas de domínio cognitivo. Os achados demonstram que a intervenção implementada foi capaz de promover avanços substanciais em componentes críticos do conhecimento sobre Doença de Chagas, especialmente nos temas sobre manejo do barbeiro, dinâmica de transmissão e possibilidade de cura. Além disso, o estudo revelou fragilidade na liderança e organização comunitária, ausência de grupos estruturados e pouca articulação intersetorial. Conclui-se que a aplicação do protocolo MAIEC mostrou-se uma estratégia eficaz para mapear o conhecimento e fomentar o empoderamento comunitário sobre a Doença de Chagas, favorecendo a corresponsabilidade no cuidado e a integração entre serviços, profissionais e população.