O USO DE CONJUNÇÕES NA FALA DE REMANESCENTES QUILOMBOLAS DE PORTALEGRE/RN À LUZ DA LSF
Linguística Sistêmico-Funcional, Conjunções, Relações internas e Externas, Metafunção Ideacional, Remanescentes quilombolas.
A fala e a escrita são elementos pertencentes ao processo de comunicação numa perspectiva
formal/situacional, sendo que a última faz o uso da língua uma manifestação, colocando-se à
disposição das particularidades constitutivas da língua. Nessa perspectiva, leva-se em consideração os
fatores históricos, culturais e semântico-pragmáticos de sujeitos que usam a língua num propósito
comunicativo e interativo. Observando que a fala se contextualiza e integra o sistema linguístico, tal
como a escrita, esta pesquisa, através da fala de remanescentes de Portalegre/RN, objetiva analisar o
uso das conjunções “mas”, “porque”, “e”, “pois” e “se”, tão recorrentes nas conversas de
quilombolas das comunidades de Pêga, Arrojado e Engenho novo. De modo mais específico, objetiva-
se ver o modo como ocorre as relações internas e externas dessas conjunções e, com isso, através de
10 recortes escolhidos do livro A fala de remanescentes quilombolas de Portalegre/RN para análise,
mostrar que o uso das conjunções acontece por meio de uma língua dinâmica, haja vista que o léxico-
gramatical atribui significados semântico-discursivos, os quais não se remetem somente a uma forma,
como, por exemplo, de ligar sentidos dependentes ou independentes (como são explicadas as
conjunções), conforme prescreve a maioria dos manuais de Gramática Normativos (GN). Nesse
sentido, faz-se necessário, numa perspectiva da Linguística Sistêmico Funcional (LSF) e/ou
Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), abordar quais padrões semânticos decorrem de relações
ocorridas por um contexto de situação e cultural, que pertencem a um sistema organizado de forma
variado, respondendo às necessidades dos falantes, num processo de interação de trocas vinculadas ao
uso e ao contexto. O corpus, portanto, é do livro A fala de Remanescentes quilombolas de Portalegre
do Brasil do ano de 2011, resultado de uma entrevista com 06 inquéritos, ocasião em que os
quilombolas relatam suas experiências e histórias de vida pessoal, religião e política local. Na
transcrição, há dados referentes aos entrevistados, a saber: idade, nome, sexo, grau de instrução, entre
outros. Esta pesquisa versa sobre a análise de seis inquéritos, para retirar as conjunções mais
frequentes, e, assim, compreender que suas relações partem de metafunções: ideacional, interpessoal
e textual, com ênfase na ideacional, a fim de observar que a sentença e os significados de oposição,
explicação, consequência, adicional e expectativa encontrados inter-relacionam-se com participantes,
processos e circunstância, compondo a mensagem em eventos. Para tanto, a pesquisa se respalda em
Halliday e Matthiessen (2014), Mendes (2010-2016), Martin e Rose (2007[2003]), Neves (1997-
2011), Vian Júnior e Mendes (2015). Ademais, se trata de uma pesquisa qualitativa e quantitativa,
pois, além de discutir os fenômenos que ocorrem nas conjunções, de acordo com as situações de uso,
faz-se necessário quantificar o número de vezes que uma única conjunção apresenta relações internas
e externas.