APENAS UM CURRÍCULO? UMA ANÁLISE DISCURSIVO/ARGUMENTATIVA DO COMPONENTE CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS DOCUMENTOS EDUCACIONAIS DE NÍVEL MÉDIO DOS ESTADOS DO CEARÁ E PIAUÍ
Componente Curricular. Língua Portuguesa. Discurso.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, os estados brasileiros podem legislar sobre a sua educação. Assim sendo, cada unidade da federação pode criar um documento curricular que oriente a educação de sua região. O Ceará e O piauí são exemplos de estados que têm esse documento. Diante disso, neste trabalho, temos como objetivo analisar o discurso dos documentos curriculares estaduais de Ensino Médio do Ceará e Piauí sobre o Componente Curricular de Língua Portuguesa, elegendo objetivos específicos em torno das teses, argumentos e acordos e relações dialógicas com outros discursos e documentos oficiais. Para fundamentar a pesquisa, partimos dos pressupostos teóricos sobre o dialogismo, de Bakhtin (2003), Bakhtin/Voloshinov (2010), assumindo por teoria central a Nova Retórica, de Perelman e Olbrechts Tyteca (2005). As contribuições vêm de Brait (2005), sobre a teoria bakhtiniana, e de Fiorin (2015), Reboul (1998), Costa (2020), dentre outros, acerca da Teoria daArgumentação. A pesquisa caracteriza-se metodologicamente pela abordagem qualitativa, com objetivo descritivo-interpretativista e fontes documentais (Severino, 2012). Pelas análises, ainda muito preliminares, observamos que o discurso sobre o componente, em ambos os documentos, como esperado, se constroem por relações de concordância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e também de complementaridade. Defendem a tese de um ensino pautado nas diversas práticas sociais e baseiam-se em acordos argumentativos, que elevam a própria BNCC ao valor do topo da hierarquia. Também reconhecem as mídias, a linguagem, o texto, os gêneros e as variações linguísticas como valores atribuídos a uma proposta de ensino que argumenta com base no lugar da qualidade. Esperamos com os resultados da pesquisa contribuir para as discussões sobre o ensino de Língua portuguesa, a partir do olhar sobre as recomendações oficiais.