Configurações subjetivas e produção escrita de estudantes surdos: uma perspectiva sistêmico-funcional
Teoria da Subjetividade; linguística sistêmico-funcional; escritas de surdo
A tese defendida neste trabalho é que “as produções escritas de estuante surdo, são manifestações de suas configurações subjetivas produzidas em seus contextos de situação e de cultura”. Assim, o estudo foi estruturado a partir do seguinte objetivo: Compreender, a partir da perspectiva sistêmico-funcional, como se configura a relação subjetiva de estudantes surdos com o seu processo de produção escrita. Como forma de responder o objetivo proposto, esta pesquisa teve como plano teórico a teoria da Subjetividade do Fernando Gonzalez Rey (1997) e da Linguística Sistêmico-Funcional desenvolvida por Halliday (1960), partindo do princípio de que ao produzir suas escritas, o estudante revela seu contexto de situação em que vive e seus sentidos produzidos ao longo de sua trajetória experiencial em seus diversos contextos. Como aporte para a discussão sobre a educação de surdos, recorre-se aos estudos realizados por Damázio (2007), Guarinello (2007), Jannuzzi (2012), Pedrosa (2018), Quadros (1997), Skliar (2016), entre outros, como também, documentos e legislações oficiais. Para a realização do estudo, foi adotado os princípios da Epistemologia Qualitativa com a abordagem metodológica da metodologia construtivo-interpretativa, por compreender que a discussão realizada ultrapassa a concepção de um estudo que vise coletar dados, mas de construir informações/interpretações a partir dos instrumentos utilizados de forma formal ou informal. Para o atendimento a questão central de pesquisa que foi “Como se configura a relação subjetiva de estudantes surdos com o seu processo de produção escrita, a partir da perspectiva sistêmico-funcional?”, foi realizado um trabalho de interpretação das escritas de estudantes surdos em turmas de salas de aula de aula de ensino comum, dos anos iniciais e finais do EF e do EM, e da realização de um questionário com professores do ensino de português da sala de ensino de comum e do AEE para o ensino do português escrito. As informações construídas com as escritas dos estudantes surdos, revelam que cada estudante, dependendo do seu nível de ensino, revelam em suas escritas produções subjetivas que são produzidas em seu ambiente situacional e os sentidos produzidos nas situações/experiências vividas nele. As configurações subjetivas que se fazem presentes nas escritas, manifestam uma linguagem própria da comunidade surda, que deve ser considerada no trabalho com o ensino do português escrito, mas ao mesmo tempo, manifesta as condições em que esse ensino é ou vem sendo realizado, tanto nas salas de aula de ensino comum, como também no AEE para o ensino da LP na modalidade escrita. Ainda foi identificado juntos aos professores envolvidos, a ausência e ou a emergência de espaços formativos para o ensino de uma segunda língua, como também para o trabalho didático -pedagógico voltado para o estudante surdo, o que influência na proposição de atividades que oportunize o estudante a pensar sobre o uso e a funcionalidade do português escrito como uma L2.