MORRER DE AMOR TEM DE SER NO ATO: UMA LEITURA DE O APOCALIPSE DOS TRABALHADORES, DE VALTER HUGO MÃE
Amor Eros. Relacionamentos amorosos. Personagem. Valter Hugo Mãe
O objetivo deste estudo é analisarmos as relações amorosas a partir das personagens centrais do romance O apocalipse dos trabalhadores (2017), de Valter Hugo Mãe, escritor contemporâneo da literatura portuguesa. Buscamos compreender como o amor Eros se organiza, se molda, e se manifesta de modo distinto nas personagens Maria da Graça e Quitéria, protagonistas do romance. Observamos, pois, que na relação entre Maria da Graça e Sr. Ferreira não conseguimos perceber a consumação do sentimento amoroso devido à condição social desfavorável da protagonista enquanto faxineira. Em contrapartida a Graça, a personagem Quitéria consegue instituir o relacionamento amoroso com Andriy, mesmo ele sendo um imigrante ucraniano com dificuldades financeiras. Para fundamentar nosso estudo, utilizamos autores que tratam sobre a temática do amor Eros, a saber: Platão (2002), que debate as primeiras teorias sobre o amor e suas variáveis; Dennis de Rougemont (1998), que trata sobre amor na literatura ocidental; Júlia Kristeva (1988) no que diz respeito a ausência do objeto amoroso e a morte; Anthony Giddens (1993) e os impasses sociais como aspecto impactante nas relações amorosas; Maria Aparecida da Costa (2015) no que tange a configuração do amor no romance contemporâneo; Stendhal (2007) para entender como o amor afeta o sujeito que ama e o torna refém do objeto amoroso; Antonio Candido (2014) a respeito da personagem. Em nosso estudo, constatamos que o sentimento amoroso entre Maria da Graça e Sr. Ferreira acontece de maneira mutilada e paradoxal, pois a condição de pobreza da personagem impossibilita a consumação dessa relação; no casal Quitéria e Andriy a instituição do relacionamento amoroso acontece e é a partir da personagem que o ucraniano retorna para o seu país de origem.