A NOÇÃO DE FELICIDADE ATRELADA AO DINHEIRO: UMA ANÁLISE DA NOVELA A ÁRVORE QUE DAVA DINHEIRO, DE DOMINGOS PELLEGRINI
Dinheiro. Autorrealização. Sociedade. Consumismo. Felicidade.
O objetivo desta dissertação é analisar a noção de felicidade atrelada ao dinheiro na novela A árvore que dava dinheiro, de Domingos Pellegrini, à luz da teoria literária de orientação marxista. Busca-se discutir, ainda, sobre a sociedade retratada na obra a partir das teorias literárias sociológicas e abordar a novela corpus de estudo tendo em vista a busca da felicidade das personagens, além de contribuir com estudos do escritor Domingos Pellegrini. Para a realização desta pesquisa, tomamos como aporte teórico os estudos de Adorno (1980), Bauman (1998, 2009), Berman (2007), Giannetti (2002), Lipovetsky (2007), Lukács (2000), Marcuse (2006), Marx (2013), entre outros, que discutem sobre consumismo, modernidade, hedonismo, dentre outros conceitos necessários à condução da análise proposta. Verificou-se que, a partir do súbito aumento do poder de compra, a sociedade de Felicidade, cidade fictícia da obra, passa a apresentar traços de uma sociedade de consumidores. Ora, o consumismo é um dos elementos mais evidentes da narrativa. Viu-se que nas sociedades capitalistas os sujeitos tendem a relacionar os momentos de bem-estar, sucesso e felicidade com o status econômico. Além disso, constatou-se que a obra incute uma relação entre o dinheiro e o sentimento de autorrealização, fazendo com que haja uma expressiva transformação no modo de vida dos personagens, revelando ambições e aspectos de suas personalidades. Curiosamente, o açougueiro demonstra um caráter naturalmente inclinado a ser feliz independente do acesso ao dinheiro, mostrando-se contrário ao perfil dos demais. Isso reforça que não se pode pensar o sujeito a partir de um determinismo, rotulando-o e condicionando-o ao que o sistema capitalista lhe impõe. Assim, o ideal de felicidade através do dinheiro pode se tornar frustrante, tendo em vista que a satisfação plena dos desejos não é possível, como também o alcance da felicidade plena, pois esse estado é efêmero em sua constituição.