Docência Queer como Estética da Existência: Narrativas de professores/as homoafetivos/as em territórios escolares da Educação Básica
Docência Queer; Narrativas (Auto)biográficas; Estética da Existência; Cartografia; Sexualidades Dissidentes.
Esta dissertação não surge de um vazio, mas de um campo atravessado por vozes trêmulasque insistem em existir. Toma como objeto de pesquisa as narrativas de professores gays eprofessoras lésbicas formados/as e atuantes na escola pública, cujos discursos tensionamespaços de pertencimento e formação historicamente negados. O estudo objetiva cartografar os currículos e pedagogias forjados nas tramas de suas histórias de vida, evidenciando as linhas que constituem suas docências — entre exclusão, resistência, afeto e afirmação. A investigação orienta-se pela seguinte questão norteadora: de que modo as trajetórias de vida de professores gays e professoras lésbicas possibilitam práticas pedagógicas acolhedoras nos espaços escolares? Essa indagação nasce como um esperançar de vidas dissidentes que, ao se afirmarem docentes, produzem novas formas de existir e ensinar. Ancorada nas teorias pós-críticas em educação, a pesquisa articula os conceitos foucaultianos de estética de si e amizade (2006), as noções de performatividade e precariedade em Judith Butler (2008, 2011), as discussões sobre currículo em Marlucy Paraíso (2025), as geografias de vida em Gurgel e Maknamara (2021) e os Estudos Culturais em Tomaz Tadeu da Silva (2011). Metodologicamente, propõe-se uma abordagem cartográfica inspirada em Deleuze e Guattari(1995), em diálogo com a análise do discurso foucaultiana (1996), a partir da produção de narrativas autobiográficas com os/as docentes participantes por meio de entrevistas narrativa fundamentadas em Jovchelovitch e Bauer (2008). Tal “dramaturgia metodológica” busca mapear experiências formativas e processos de (re)invenção de si que emergem no cotidiano escolar. A pesquisa pretende problematizar as abordagens da BNCC sobre diversidade sexual e de gênero, evidenciar os efeitos de visibilização e silenciamento dos modos de vida dissidentes e compreender como práticas pedagógicas acolhedoras instauram espaços heterotópicos no currículo. Almeja, por fim, contribuir para o fortalecimento de políticas de formação docente sensíveis às diferenças e para a consolidação de uma docência queer no campo da educação pública.