SOB O SIGNO NEOLIBERAL: POSICIONAMENTOS DISCURSIVOS SOBRE O TRABALHO EM COLEÇÕES DIDÁTICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS DO NOVO ENSINO MÉDIO
Discurso. Trabalho. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Material didático. Neoliberalismo.
O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar como a racionalidade neoliberal engendra a assunção de posicionamentos discursivos sobre o trabalho em coleções didáticas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Novo Ensino Médio aprovadas pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), edição de 2021, em conformidade, portanto, com a Reforma do Novo Ensino Médio (Lei nº13.415/2017) e com a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (2018). Tencionando atingir esse propósito, esse objetivo é expandido em outros três, a saber: i) examinar as condições históricas de possibilidade que margeiam as relações entre a racionalidade neoliberal e os discursos sobre o trabalho em documentos que normatizam a REM; ii) descrever o funcionamento das relações de saber-poder que ancoram os discursos sobre o trabalho nos materiais didáticos estudados, em consonância com o regime de verdade do neoliberalismo; e iii) problematizar sobre as implicações dos posicionamentos assumidos em torno do trabalho sob o prisma neoliberal nas coleções didáticas no ensino de Ciências Humanas e Sociais e Aplicadas no contexto do NEM. Para subsidiar teoricamente o estudo, recorremos aos apontamentos teóricos foucaultianos alçados no percurso arqueológico e genealógico, com vistas a entender os conceitos que envolvem a análise dos discursos e as relações de poder por meio dos conceitos de governo, verdade e as proposições de Foucault sobre a governamentalidade e o neoliberalismo. Mobiliza-se, ainda, teorizações de autores como Dardot e Laval (2016), Han (2015; 2018), Antunes (2009; 2020) e Soler et al. (2021), entre outros. A metodologia procede a partir do método arquegenealógico e segue um viés descritivo-interpretativo de natureza qualitativa. A análise de enunciados coletados permite problematizar que o trabalho é discursivizado nos moldes neoliberais, pois pressupõe o desenvolvimento de competências e aptidões individuais que buscam levar o jovem do ensino médio a conceber o mundo do trabalho sob a lógica da competição.