LITERATURA E IDENTIDADE: A AUTOIDENTIFICAÇÃO A PARTIR DA LEITURA DE AUTORAS NEGRAS
autoidentificação; identidade; letramento literário; literatura feminina negra; sala de aula.
A literatura de autoria feminina negra configura-se como um campo literário, político e epistêmico que emerge das vivências e subjetividades de mulheres, historicamente silenciadas nos espaços de produção e circulação do saber literário. Essa literatura ultrapassa o caráter de denúncia, tecendo narrativas de resistência, memória e identidade, construindo narrativas de resistência, memória e identidade, propondo uma escrita atravessada pelas marcas do corpo, da ancestralidade e da oralidade. Nesse sentido, o objetivo geral desta pesquisa é investigar como a leitura de obras literárias produzidas por autoras negras pode influenciar na desconstrução de estereótipos e autoidentificação para o fortalecimento das identidades das leitoras[SE1] e como objetivos específicos: a) Identificar obras de autoras negras que podem contribuir para o letramento literário e a (re)construção das identidades das estudantes do Ensino Médio; b) Aplicar oficinas literárias a partir de textos de autoria feminina negra em uma turma de 2º ano do Ensino Médio e c) Analisar as contribuições da leitura de obras literárias de autoras negras em sala de aula para o letramento literário, a autoidentificação e o fortalecimento das identidades das estudantes do Ensino Médio. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, tendo como metodologia a pesquisa-ação, que integra teoria e prática e permite que o professor-pesquisador atue de forma reflexiva e interventiva ao longo do processo investigativo. A pesquisa está sendo desenvolvida por meio de oficinas literárias, baseadas na sequência didática básica de Cosson (2022). Os contos selecionados, de Conceição Evaristo e Lia Vieira, abordam temas ligados à cultura negra brasileira, evidenciando a resistência e a luta contra a invisibilização das vozes femininas negras no cânone literário dominante. Os principais teóricos que contribuem para a construção desta pesquisa são: Akotirene (2019), Cândido (2004), Carneiro (2011) Colomer (2007), Cosson (2022), Cuti (2010), Duarte (2011, 2014), Evaristo (2005), Figueiredo (2020), Hall (2006), hooks (2019), Ribeiro (2017), Silva (2014), Todorov (2009), Woodward (2014) e Zinani (2006), os quais estabelecem uma ampla discussão acerca da literatura escrita por mulheres, especialmente as autoras negras, fundamentadas no conceito de “escrevivência”, da (re)construção das identidades e das diferenças culturais no contexto pós-colonial. Os resultados da pesquisa até o presente momento, apontam uma literatura engajada estética e politicamente, que compreendida como espaço de resistência, representatividade e reconstrução de sentidos, rompe a “mordaça” imposta aos negros e negras, convidando o(a) leitor(a) à reflexão de si e do outro.
[SE1]Manu, tenho uma dúvida: o objetivo geral pode mudar, mesmo depois de ter passado pelo comitê de ética?