LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA E AS QUESTÕES DE UMA LEITURA EMANCIPADA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Emancipação, Formação política, Leitura crítica, Prática pedagógica.
A referida pesquisa apresenta discussões acerca do uso do texto literário infantil na escola, ao mesmo tempo que propõe ações que buscam a emancipação do leitor, tirando-o do lugar de meros espectadores e colocando-o no lugar do acontecimento, como aquele que vê, que pensa e age sobre o visto, lido. Pois assim como pensado por Rancière (2005), também acreditamos que o discurso literário e político não apenas descreve a realidade, mas também a organiza, criando padrões de como percebemos e interagimos com o que está a nossa volta. Assim como os “mapas do visível” sugerem que esses enunciados constroem o que podemos ver e entender sobre o mundo, eles também traçam relações entre o visível e o dizível, ou seja, entre aquilo que podemos perceber e aquilo que podemos expressar. Essa relação indica que certos discursos têm o poder de legitimar ou marginalizar experiências e vozes, definindo o que pode ser discutido e o que permanece oculto, de tal modo que nos fazem pensar que a palavra, seja ela política ou literária, não é neutra, pois desempenha um papel na configuração de sentidos e ações, revelando o poder transformador da linguagem sobre o real. A partir dessas discussões elencamos como objetivo geral compreender a relação entre a literatura infantil e o processo de formação educacional, política e social das crianças. O atual contexto educativo-político-social tem delegado à escola a responsabilidade de ser um espaço de construção ativa e crítica do conhecimento. Em vez de ver os alunos como “recipientes passivos”, onde apenas se depositam informações, a escola é colocada como um ambiente de reinvenção do conhecimento. Isso significa que os estudantes são incentivados a participar ativamente do processo de aprendizagem, o que vai muito além da memorização mecânica dos conteúdos. Nesse contexto, os alunos se apropriam do saber, o que implica entender, questionar, aplicar e, principalmente, reinterpretar o conhecimento a partir de suas próprias experiências e perspectivas. Ao questionar e refletir, os alunos não apenas exercitam o que aprenderam, mas também desenvolvem novas formas de entender e agir no mundo. Para o desenvolvimento metodológico deste estudo optou-se em realizar uma pesquisa qualitativo, em virtude de proporcionar uma análise subjetiva da realidade estudada. Para isso, tomando como inspiração a pesquisa-ação e os Círculos de Cultura Lefreirianos, por permitirem um diálogo e troca de vivências e experiências entre os pesquisadores e os atores da pesquisa, a saber: crianças do terceiro ano do ensino fundamental de uma escola da cidade de Mossoró/RN. Os instrumentos da pesquisa serão a construção dos Cadernos reflexivos e de ação junto as crianças. Pensamos que ao explorar a relação humana com a palavra, a literatura vai além da transmissão de informações ou da mera leitura de histórias, por proporcionar ao leitor vivenciar as experiências, emoções e visões de mundo de personagens diversos. Esse contato, numa perspectiva emancipada, permite ao leitor expandir sua compreensão da realidade e desenvolver seu senso crítico. Assim, a literatura promove um processo de autoformação, pois quem lê não apenas absorve os conhecimentos e ou perspectivas do autor, mas também refaz e reinventa sua própria identidade ao interpretar, questionar e refletir sobre o que lê. Esse processo envolve a fusão entre o mundo do leitor e o mundo do texto, em que o discurso não é apenas uma forma de comunicação, mas um elemento que estrutura práticas e identidades.