O CORPO DA MULHER E A EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA EM OLHOS D’ÀGUA DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Negritude. Corporeidade. Escrevivências. Literatura Contemporânea. Práticas Educativas
Desde o período colonial, o Brasil é socialmente e culturalmente marcado pelo preconceito racial feminino, que se reflete nas distintas formas de violência. Esta, pode ser vista tanto no âmbito psicológico quanto nas formas mais cruéis de violência física. Para tanto, alguns apontamentos norteiam nossa investigação: perceber que tanto os primeiros autores literários nacionais quanto os mais renomados do século XX, apresentam em seus estilos de escrita a mulher negra como inferior e tratando seu corpo como objeto, como todos esses anos de tortura e subordinação deixaram marcas que serviram como motivos de resistência e luta de um povo que busca seus direitos e ecoam suas vozes na história, na Literatura e na Educação; como a Literatura pode ser uma ferramenta de reflexão e transformação social, principalmente em um contexto marcado por enraizadas desigualdades raciais e de gênero. Desse modo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) aprovou, no ano de 2003, a Lei 10639/03 no currículo dos discentes a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. No âmbito dos estudos literários existentes no Brasil, percebemos a escassez de autoras negras no processo de ensino-aprendizagem. Uma conquista das lutas de diversos movimentos sociais, principalmente o Movimento da Cultura Negra, que representa grande parte da história do povo brasileiro. No âmbito dos estudos literários e sociológicos existentes no Brasil, percebemos a escassez de referências a autoras e intelectuais negras no processo de ensino-aprendizagem. Este trabalho de pesquisa será realizado por meio de estudos e teorias acerca desta temática e observações realizadas nas aulas de Literatura do Ensino Médio, de uma escola privada, localizada no município de Mossoró-RN. Tem-se como objetivo compreender como ocorre a apresentação do corpo da mulher negra nas obras literárias de Conceição Evaristo. Como metodologia de pesquisa, nos baseamos na epistemologia de Freire (1991), sobre os círculos de cultura, uma vez que procedem de espaços em que dialogicamente se aprende e se ensina, buscando temas geradores e protagonismo popular; Evaristo (2016) através de seu livro Olhos D’água que retrata a luta por igualdade de gênero da mulher negra. Como forma de compreender as causas dessa imagem literária construída da mulher de forma a produzir mudanças sociais. Uma metodologia crítica, emancipadora e libertária da realidade. Com base nos estudos por eles realizados, buscamos perceber ser possível e democrático promover um ensino de Literatura tendo como base a leitura e análise de textos literários que contribuem com a formação do leitor.