REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE DOCENTES ACERCA DO SER PROFESSOR HOMEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Universo simbólico. Magistério masculino. trabalho docente
A profissão docente tem a sua história associada aos homens desde a Idade Média, quando a educação era controlada pela igreja. No século XIX, entretanto, ocorreu a feminização do magistério, com a inserção das mulheres e o afastamento dos homens, influenciados pela desvalorização salarial. Até hoje, os homens na docência, especialmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental, são vistos com estranheza, o que tem gerado representações sociais a eles atribuídas. Para entender esse universo simbólico do ser professor homem nos anos iniciais do Ensino Fundamental como objeto social e desvelar os elementos constituintes das representações sociais a ele atribuídas, utilizou-se a Teoria das Representações Sociais (TRS), de Moscovici (1978), e a Teoria do Núcleo Central (TNC), de Abric (1994). A pesquisa foi norteada pela seguinte questão: quais as representações sociais sobre o professor homem nos anos iniciais do Ensino Fundamental na rede pública municipal de Mossoró? Especificamente, buscou-se: discutir o processo histórico da docência no Brasil; identificar as representações sociais dos docentes sobre o professor homem nos anos iniciais do Ensino Fundamental; e refletir sobre as implicações dessas representações para o trabalho docente. Metodologicamente, a pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa e interpretativa sobre o objeto de estudo. Por ser também de natureza bibliográfica, utilizou levantamento de produções científicas por meio de um estado de conhecimento. Na pesquisa de campo foram realizados encontros com os sujeitos estudados. Para a captação de dados, aplicou-se a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), questionário e entrevista semiestruturada, cujos dados foram analisados pelo Sistema Espiral Representacional - SER (Melo, 2024) e pela Análise de Conteúdo (Bardin, 2011). Os resultados mostraram que as representações sociais do professor homem nos anos iniciais do Ensino Fundamental são marcadas por estigmas e preconceitos, com uma associação histórica ao papel maternal. A palavra "desafiador" aparece no núcleo central relacionada à quebra de paradigmas culturais que associaram a docência masculina majoritariamente às mulheres. Os elementos periféricos dessas representações evidenciaram impactos na prática docente e na percepção social sobre o magistério masculino.