A MÚSICA NEGRA DE PERIFERIA EM AULA DA EJA – LINGUAGEM EMERGENTE E REPRESENTATIVIDADE CULTURAL
EJA; Língua Portuguesa; Música preta; Podcast.
Um dos desafios colocados ao trabalho com a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) refere-se às atividades de leitura e interpretação textual. Desta forma,
esse trabalho traz como foco, o desenvolvimento em sala de aula da música
negra de periferia, com uma linguagem emergente e a representatividade
cultural de um povo que sofre preconceitos, no que diz respeito a questões
socioculturais. Sabe-se que, o trabalho com músicas, enquanto gênero textual
em aulas de leitura e interpretação textual, apresenta-se como possibilidade
didático-metodológica possível no contexto do reconhecimento e valorização
dos saberes de pessoas jovens, adultas e idosas pretas, residentes nas
periferias. Nesse sentido, foram estabelecidos os seguintes objetivos: (a)
Compreender como a música negra de periferia pode contribuir com a
aprendizagem e o desenvolvimento da língua portuguesa dos estudantes da
EJA; (b) Mapear o universo musical dos estudantes da EJA, reconhecendo
linguagens, tendências, relações étnico-raciais e os lugares de consumo; (c)
Analisar como o gênero da linguagem musical produzido por pessoas negras,
moradoras da periferia, colaboram com sua representatividade e valorização
sociocultural; (d) Elaborar, a partir das oficinas pedagógicas, podcasts com a
produção de gênero textual música, legitimando práticas culturais dos
estudantes da EJA. Metodologicamente, utilizou-se da pesquisa bibliográfica;
rodas de conversas, para identificar os usos da música preta na periferia, por
alunos da EJA. Em seguida foram realizadas oficinas pedagógicas, cujo
objetivo é favorecer a leitura e interpretação dos textos musicais de forma
minuciosa e em profundidade, para que os estudantes reflitam, a partir do texto
sua realidade social. Ainda como procedimento metodológico qualitativo, foram
produzidos roteiros de podcasts como produto final do processo de pesquisa.
Deste modo, alcançamos a periferia trabalhando a autoestima, elevando e
valorizando culturalmente o que os estudantes são, vivem e praticam, sem
negar suas origens étnicas e ancestralidades.